São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Disputa no Congresso adia reeleição para março de 97

FERNANDO RODRIGUES; VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Eleição para presidência da Câmara e do Senado atrasa a votação

O governo concluiu nos últimos dias que a emenda da reeleição será votada no plenário da Câmara, na melhor das hipóteses, apenas em março de 97.
A idéia inicial era votar em dezembro. Depois, o prazo passou a ser janeiro. Há três semanas, a nova data anunciada era fevereiro.
Agora, segundo a Folha apurou, o cronograma está sendo modificado de novo. Motivo: o governo avalia que as eleições para as presidências da Câmara e do Senado impedem uma articulação coordenada em torno da reeleição.
O governo espera aprovar a emenda da reeleição na comissão especial pelo menos até o final de janeiro.
No plenário da Câmara, porém, a votação só aconteceria depois da eleição e posse dos novos presidentes do Legislativo.
As eleições para as presidências das duas Casas do Congresso serão realizadas na primeira semana de fevereiro.
Os novos presidentes começam a trabalhar, efetivamente, apenas na segunda quinzena de fevereiro. Não haveria tempo, portanto, para votar a emenda da reeleição.
Há oito candidatos na Câmara e seis no Senado (conheça a lista ao final desta reportagem).
Como todos os candidatos pertencem a partidos aliados do governo, será impossível conciliar as campanhas de cada um com os preparativos para a votação da emenda da reeleição.
Na avaliação do Palácio do Planalto, hoje a situação é completamente desfavorável para tentar um acordo entre os candidatos.
Reforma ministerial
Além de atrasar a votação da emenda da reeleição, as disputas na Câmara e no Senado podem antecipar a reforma ministerial.
O governo avalia que a sua base de apoio no Congresso pode ficar dividida após a eleição dos novos presidentes do Legislativo.
Nesse caso, o presidente Fernando Henrique Cardoso mudaria seu plano original de trocar ministros apenas depois de votar a emenda da reeleição.
A reforma ministerial serviria para recompor a base governista, a fim de garantir o apoio necessário para aprovar a emenda que dá a FHC o direito de disputar um segundo mandato.
O perfil do novo ministério pode também não ser aquele desejado pelo presidente. FHC tem dito que gostaria de nomear ministros com maior capacidade de operação do que os atuais.
Mas está sendo aconselhado a mesclar sua escolha de maneira a contemplar os blocos políticos que devem emergir depois das eleições na Câmara e no Senado.
Ou seja, o ideal seria nomear ministros que garantam votos no Congresso para aprovar uma emenda constitucional, que precisa do apoio de 308 deputados e 49 senadores.
Um dos exemplos que os aliados de FHC dão é o desempenho de Francisco Dornelles no Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Por ser do PPB, ele tem arregimentado votos importantes para o governo. A sua antecessora, Dorothea Werneck, tinha um perfil técnico. Mas não garantia nenhum voto no Congresso.
Para assessores de FHC, segundo a Folha apurou, ministros políticos como Dornelles continuarão sendo necessários. Mesmo que a reeleição não saia logo e FHC queira governar apenas pensando em metas administrativas.

São os seguintes os candidatos (declarados ou lançados por terceiros): Câmara - Prisco Viana (PPB-BA), Delfim Netto (PPB-SP), Inocêncio Oliveira (PFL-PE), Michel Temer (PMDB-SP), Wilson Campos (PSDB-PE), Ronaldo Perim (PMDB-MG), Paes de Andrade (PMDB-CE) e Luiz Carlos Santos (PMDB-SP). Senado - Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Elcio Alvares (PFL-ES), Hugo Napoleão (PFL-PI), Iris Rezende (PMDB-GO), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Odacir Soares (PFL-RO).

Texto Anterior: Rei da cachaça
Próximo Texto: PMDB só vai votar a favor da reeleição se presidir a Câmara
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.