São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
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PMDB só vai votar a favor da reeleição se presidir a Câmara

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB condicionou o comportamento do partido no primeiro teste de votos da emenda da reeleição à eleição de um peemedebista para a presidência da Câmara.
"Os votos do PMDB ainda vão depender das conversas e da eleição de um peemedebista para a presidência da Câmara", disse o vice-líder Geddel Vieira Lima (BA). O líder Michel Temer (SP), candidato ao cargo, confirmou: "Não há dúvida de que o PMDB vai se conduzir com base nisso".
O projeto que permitiria ao presidente Fernando Henrique Cardoso disputar um segundo mandato em 1998 deverá ser votado em comissão da Câmara em janeiro, um mês antes da eleição dos presidentes da Câmara e do Senado.
O PMDB terá seis vagas na comissão e, até agora, só confirmou a indicação do ex-ministro dos Transportes Odacir Klein (RS) para presidir os trabalhos.
Favorável à reeleição, Klein prometeu agir com isenção. Disse que terá "pulso firme" para barrar qualquer tentativa de obstrução ou evitar decisões precipitadas.
O futuro presidente da comissão da reeleição endossa os planos do PMDB de eleger o sucessor de Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), mas disse que não vai vincular seu trabalho à disputa do cargo.
Guerra
"Esse condicionamento soa estranho: o que tem a ver a presidência da Câmara com a reeleição?", reagiu o líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE), diante da ameaça do PMDB. Ele também é candidato na Câmara.
O PFL já indicou cinco representantes para a comissão da reeleição, todos comprometidos com o projeto de reeleição de FHC. Inclusive o relator José Múcio (PE), que vai conduzir a negociação da emenda a partir de terça, data em que será instalado o debate.
A escolha dos integrantes da comissão vai se estender até o dia 29. Somente no último dia do prazo, PPB e PTB farão suas indicações, que não têm uma posição previamente definida.
O PTB chegou a suspender a indicação de dois deputados a que tem direito na comissão para discutir melhor o assunto. O partido, governista, inventou uma nova bandeira: eleições gerais no ano 2000, com a prorrogação dos atuais mandatos.
PMDB e PFL -os dois maiores partidos do Congresso e da base de apoio de FHC- disputam o comando do Legislativo.
O PMDB insiste em presidir a Câmara e o Senado; já o PFL defende o rateio do poder, sob o argumento de que os peemedebistas estão divididos e não têm cacife para comandar todo o Congresso.
A avaliação feita no Palácio do Planalto é que os partidos tentam aumentar seu cacife na disputa de poder junto ao governo.
FHC tenta se manter publicamente afastado, mas integrantes do comando político do governo investem num equilíbrio entre os dois partidos.
A disputa foi oficialmente condicionada à reeleição anteontem, quando o líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho (PA), disse que os votos do partido dependeriam da eleição dos novos presidentes.

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