São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996 |
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Carne bovina tem consumo recorde
FÁTIMA FERNANDES
O consumo de frango, que deu um salto depois do Plano Real -de 21,9% em 1995 sobre 1994- está agora estabilizado. Cada brasileiro vai comer 23 quilos dessa carne neste ano -quase a mesma quantia do ano passado (23,3 quilos). O frango inteiro custa menos do que alguns cortes tradicionais de carne bovina. O consumidor paga, por exemplo, R$ 1,58 pelo quilo do frango inteiro e R$ 2,60 pelo quilo do acém, em média. Mas, para especialistas do setor, a carne bovina é a preferida do brasileiro e, com a estabilização da economia, ele está tendo mais possibilidade para consumí-la. O varejo cobra mais hoje pela carne bovina do que antes do Plano Real -o aumento é de 32,6%, segundo a Fipe, que mediu de julho de 1994 a setembro deste ano inflação de 55,9% em São Paulo. O preço da carne bovina hoje está menor do que o de janeiro -no caso de alguns cortes, como o patinho, a queda chega a 17,7%-, apesar da puxada nos preços no último mês -em torno de 6%- por conta do período da entressafra. "Isso joga a favor do aumento do consumo. Mas o fato é que o brasileiro prefere a carne bovina, que ficou mais acessível com a estabilização da economia", diz José Vicente Ferraz, sócio-diretor da FNP Consultoria & Comércio, que estuda o desempenho do setor. A produção de carne bovina prevista para este ano é de 5,5 milhões de toneladas -12,5% maior do que a do ano passado. É o maior crescimento já verificado no país, informa a FNP. A média histórica é de 2,5% ao ano. Nos últimos dez anos, o maior percentual de aumento foi registrado em 1991 -de 7,5% sobre 1990. Victor Nehmi, sócio-diretor da FNP, diz que os criadores de boi aumentaram a produtividade do rebanho. É por isso, diz, que hoje há mais oferta de carne bovina. Em 1986, diz, a taxa de abate do rebanho era de apenas 18%. Hoje, de 24%. Até 1994, lembra, a estratégia do pecuarista era poupar parte do rebanho. Desde então está se desfazendo dele por causa da queda da rentabilidade. Vacas Sílvio Lazzarini, sócio-diretor da Lazzarini & Associados, empresa de consultoria especializada em "agribusiness", diz que o que explica a maior oferta de carne bovina no mercado é também o fato de os criadores estarem abatendo as fêmeas. "É que o custo da alimentação do boi confinado subiu 30% por conta do aumento dos preços dos grãos. Por isso eles abatem animais mais leves e também as vacas." Os pecuaristas, diz ele, estão apostando que o preço da carne bovina vai cair e por essa razão estão vendendo o que podem para fazer caixa e saldar as dívidas. Texto Anterior: Governo protela solução para autopeças Próximo Texto: Casa 11 de Junho vende 13% mais do que em 1995 Índice |
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