São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 1996
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Bresser critica as universidades

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU (MG)

O ministro da Administração, Luiz Carlos Bresser Pereira, disse que as universidades públicas brasileiras estão "perdendo o bonde da história" ao não aceitar fazer mudanças administrativas e deixar de ser totalmente dependentes do Estado como são hoje.
Em um discurso carregado de ironias à esquerda "corporativista e arcaica", Bresser disse que as mudanças seriam irremediáveis, que mais cedo ou mais tarde a universidade terá de mudar.
Ele citou o presidente Fernando Henrique Cardoso, que disse que o bonde da história poderia passar uma segunda vez para essa mesma esquerda "burra".
"Se a universidade continuar se escondendo dentro do Estado, vai continuar sendo maltratada."
Apesar de afirmar que o governo não contempla nenhuma mudança radical no ensino superior público, ele fez uma ameaça sutil, ao lembra que, como são parte do Estado, universidades como as federais poderão ser extintas por um futuro governo com apenas "uma penada" caso não consigam demonstrar sua utilidade.
Se a universidade fosse uma "organização social", disse ele, com maior autonomia em relação ao Estado, não poderia ser extinta.
O tom das declarações de Bresser e o fato de ele já ter sido ameaçado por funcionários federais parecia indicar um confronto violento. Curiosamente, ou talvez como resultado, o debate foi bem menos agressivo que o da véspera (leia texto ao lado).
O tema, a reforma do Estado, atraiu mais gente que o esperado, e foi necessário mudar para um auditório maior. Antes disso, foram colocadas cadeiras improvisadamente num pátio aberto, sob o sol.
Essa falta de rumo, disse Elizabeth Silvares Pompeu de Camargo, da Unicamp, na platéia, era um bom símbolo da situação dos professores. "Estamos em estado de pânico", disse ela, sobre as incertezas da reforma administrativa.
Bresser disse que os inimigos da reforma eram só os corporativos e os patrimonialistas. Para ele, a oposição da esquerda seria um desastre para ela. "Vai ver é isso que deixa em pânico a sra. Elizabeth."

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