São Paulo, sábado, 26 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conselho define ameaças 'globalizadas'

AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso e os ministros da Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional definiram ontem as novas ameaças "globalizadas" contra a soberania nacional.
O chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso, citou entre essas ameaças o narcotráfico, o crime organizado, o contrabando e a lavagem internacional de dinheiro.
"Com essa tal globalização, algumas ameaças se globalizam", afirmou Cardoso. Segundo ele, as Forças Armadas estão prontas para combater esses crimes, no caso de solicitação do presidente.
Não é intenção das Forças Armadas combater essas ameaças no dia-a-dia, mas em situações extraordinárias, dando apoio logístico à polícia.
O general Cardoso afirmou que a possível participação das Forças Armadas no combate às ameaças globalizadas não está mais em discussão no Brasil, pois já é uma idéia aceita.
"Não adianta enfiar a cabeça no buraco, feito avestruz, fingindo que isso (as ameaças) não existe", disse Cardoso. "Quem pode dizer que não é patrimônio nacional a estrutura social do país?"
Nova política
A Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional, presidida por Fernando Henrique Cardoso, estabeleceu ontem a nova política de defesa nacional do país.
O documento será entregue por FHC aos presidentes do STF (Supremo Tribunal Federal), do Senado e da Câmara em cerimônia na primeira semana de novembro.
O texto também vai ser distribuído para os embaixadores credenciados no Brasil.
Para Cardoso, a reunião da câmara foi "histórica", porque documentou pela primeira vez uma política de defesa para o país.
O documento, segundo o general, vai balizar a elaboração de políticas setoriais e temáticas nas Forças Armadas.
O texto defende a soberania nacional, a manutenção do Estado de direito e da paz internacional.
Dá destaque à diplomacia e repudia a guerra, prevendo que o país só entrará em combate se for agredido.
Segundo Cardoso, a nova política permite às Forças Armadas "otimizar" o aproveitamento de seus recursos.
Exército, Marinha e Aeronáutica poderão unificar seus gastos, fazendo em conjunto, por exemplo, a administração de pessoal da reserva e as compras de munição.

Além do general Alberto Cardoso, participam da Câmara os ministros do Estado-Maior das Forças Armadas, general Benedito Leonel, da Marinha, almirante Mauro César Pereira, do Exército, general Zenildo Lucena, da Aeronáutica, brigadeiro Lélio Viana Lôbo, da Justiça, Nelson Jobim, das Relações Exteriores, Felipe Lampreia, da Casa Civil, Clóvis Carvalho, e o secretário de Assuntos Estratégicos, Ronaldo Sardenberg

Texto Anterior: Juiz libera formação do lago de usina
Próximo Texto: PM do Pará assumirá controle do garimpo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.