São Paulo, sábado, 26 de outubro de 1996
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PM do Pará assumirá controle do garimpo

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURIONÓPOLIS (PA)

A Polícia Militar do Pará vai assumir o controle da segurança no garimpo de Serra Pelada, em Curionópolis (630 km ao sul de Belém), em 15 dias.
Daqui a 12 dias, os 63 agentes da Polícia Federal que estão hoje no garimpo vão começar a ser substituídos por policiais militares.
Segundo o delegado da Polícia Federal em Marabá, Adolfo Raquel, se não houver nenhum fato novo, a troca das polícias terminará em três dias.
A partir daí, os batalhões de Marabá e Parauapebas passarão a policiar Serra Pelada permanentemente. Ainda não foi definido o número de policiais militares que ficarão no garimpo.
Exército
O Exército, no entanto, não vai sair. Os 1.097 soldados distribuídos em bloqueios ao redor do garimpo permanecerão na área por tempo indeterminado.
"Até que a segurança e a ordem estejam totalmente restabelecidas", disse o responsável pela operação, general Adalberto Bueno da Cruz, comandante da 23ª Brigada do Exército, em Marabá.
Anteontem, uma operação conjunta do Exército e da Polícia Federal desmontou o Movimento de Libertação de Serra Pelada. Treze supostos líderes foram detidos.
A operação -que mobilizou cerca de mil homens dos batalhões do Exército de Marabá (PA), Macapá (AP) e Imperatriz (MA) e 63 agentes federais- pôs fim a uma obstrução de 171 dias nos acessos a Serra Pelada e nas sondas da Companhia Vale do Rio Doce.
Fase difícil
O general e o delegado negaram que a operação será ampliada no sul do Pará para conter invasões de terra, investigar prostituição infantil e trabalho escravo.
"A ordem que temos do Ministério do Exército é exclusiva para Serra Pelada", disse Adalberto Bueno da Cruz.
O general disse que depois da transição das polícias virá uma fase difícil. "Agora, há tranquilidade, e o garimpo está controlado", disse Cruz.
"Ainda estamos sob o efeito da ocupação de ontem (anteontem), mas é uma região carente com problemas sociais sérios, que extrapolam as atribuições do Exército. Será mais difícil manter a segurança permanente", disse.
Impasse continua
Declarações dos garimpeiros confirmam as previsões do general. "Acabou aquela desordem, mas o impasse com a Companhia Vale do Rio Doce continua", disse o garimpeiro Osmar Silva.
Moradores de Serra Pelada e a Vale disputam o direito de explorar o ouro da nova jazida anunciada em fevereiro.
Essa disputa motivou em maio a interdição ilegal de sondas de prospecção mineral da Vale e de estradas, o que provocou a ação do Exército e das polícias.
"Queremos negociar, mas a Vale precisa saber que não abandonaremos a mina em troca de migalhas", afirmou Odília Raul dos Santos.
A Vale anunciou que deve religar suas sondas nos próximos dias e reabrir as negociações com os garimpeiros.
Preso
Manoel Marciano Barreto Filho, um dos supostos líderes foragidos, foi preso ontem em Serra Pelada e seria levado à Polícia Civil em Marabá.
Os outros 13 detidos anteontem e levados à Polícia Civil seriam ouvidos ontem à tarde pelo delegado Vicente de Paulo Costa.
Até as 16h (horário de Brasília), outros dez continuavam foragidos.

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