São Paulo, sábado, 26 de outubro de 1996
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"Quem errou foi o promotor"

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Carlos Ciola, pai da estudante Adriana Ciola, morta em assalto ao bar Bodega no dia 10 de agosto, criticou ontem a decisão do Ministério Público.
Anteontem, o promotor Eduardo Araujo da Silva, que acompanha o caso, afirmou não ter encontrado provas suficientes para denunciar as nove pessoas presas acusadas de participação no crime.
Por esse motivo, sete pessoas foram soltas. Duas permaneceram presas por outros crimes. Além disso, foram denunciadas práticas de tortura contra os acusados.
Segundo Ciola, o caso foi usado "politicamente na briga" entre o Ministério Público e a Polícia Civil. "É um verdadeiro absurdo. As vítimas foram colocadas como objeto de um briga política."
Ciola se refere à polêmica em torno do ato da Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que determina o controle externo da Polícia Civil pelo Ministério Público.
"Eu e minha família estamos indignados. Esses bandidos são todos confessos." O advogado disse ainda que as confissões dos acusados foram obtidas legalmente, e que, por ser "um homem civilizado", jamais concordaria com práticas de tortura. "A polícia não errou. Quem errou foi o promotor."
O promotor disse ontem que já esperava uma reação como a do Ciola. "Até certo ponto, eu compreendo a revolta dele, por ser pai. Estou muito consciente do que fiz." Silva julgou absurda a afirmação de que o caso tenha sido utilizado politicamente. "Jamais usaria um caso de tamanha gravidade para embasar uma disputa com a polícia", disse.

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