São Paulo, sábado, 26 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lojista tem cautela para formar estoque

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O medo da volta da inadimplência leva o comércio a manter estratégia mais conservadora na formação de estoques para o Natal.
"O consumidor está superendividado e as taxas de juros, muito altas. Por isso não há razão para aumentar estoque no final do ano", diz Antonio Carlos Borges, diretor-executivo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
Neste ano, continua ele, o lojista não precisa se afobar porque os preços da indústria estão estáveis e a oferta adequada à demanda.
Isso explica, na análise de Borges, o fato de boa parte dos lojistas de São Paulo ainda não ter feito grandes compras para o Natal.
Um levantamento da federação sobre o comércio da capital paulista mostra que 56% dos lojistas entrevistados vão esperar mais para fazer pedidos para o final de ano.
"O fato é que não há pressa para comprar pois não existe sinal de que pode faltar produto", diz Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo.
Para ele, isso não significa que o Natal de 96 será pior do que o de 95. Na sua análise, as vendas neste final de ano serão de 10% a 15% maiores do que as de igual período do ano passado.
"Os juros -ainda altos- estão menores e os prazos de pagamento maiores do que há um ano."
Contratação
A Lojas Cem, que tem 60 lojas em São Paulo, informa que está comprando para este Natal 30% mais do que em igual período do ano passado porque o consumo também cresceu 30% no período.
A rede de lojas vai contratar neste mês e no próximo 410 vendedores. "Se a venda continuar nesse ritmo não haverá demissão no início do ano", diz Natale Dalla Vecchia, diretor da rede.
No ano passado, a Lojas Cem contratou cerca de 250 pessoas para trabalho temporário no final do ano. "As vendas estão superando as expectativas."
Para Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo, os eletroeletrônicos e os carros populares continuam puxando para cima o faturamento do comércio.
A linha de vestuário, calçados e brinquedos já não tem desempenho tão favorável, afirma Alfieri.
Thomas Walter Spitzer, proprietário da William Sport, rede de lojas que comercializa roupa esportiva, concorda com Alfieri.
Spitzer diz que suas três lojas devem vender neste Natal o mesmo volume vendido em 95. "Não faremos compra extra para o Natal."
Mas há também lojistas do setor de confecção que estão animados. Ao contrário de Spitzer, Mauro Zolko, sócio-proprietário da X-Ray, informa que suas vendas cresceram 50% neste ano com relação ao ano passado.

Texto Anterior: Empresa recorre contra investigação
Próximo Texto: Cheque roubado não poderá mais ser protestado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.