São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996 |
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Erundina usou leigos para alfabetizar
ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA
O Mova era uma parceria entre a prefeitura e instituições civis, como associações de bairro e comunidades eclesiásticas. Os instrutores, chamados de monitores, eram membros da comunidade, pagos e coordenados pela prefeitura. Nos quatro anos do PT, foram atendidas 60 mil pessoas. Em 92, havia 18,7 mil estudantes no Mova. O programa oferecia alfabetização e, a partir de 92, uma "pós", equivalente ao ensino da 1ª à 4ª séries do 1º grau. Os alunos estudavam à noite, em períodos de aproximadamente três horas. O processo durava de seis meses a 2 anos, dependendo do estágio inicial da pessoa. "Como os grupos eram díspares, fazíamos primeiro um diagnóstico dos alunos. Trabalhávamos com o intuito de encaminhá-los para a 5ª série ou ao supletivo, dependendo da idade", explica Silvia Teles, coordenadora do Mova entre 1991 e 92. Controle Uma das críticas feitas ao programa é que os instrutores não eram professores formais. "Tínhamos um rigoroso controle sobre os resultados pedagógicos, e a formação dos monitores era questão de honra para nós", defende Pedro Pontual, um dos idealizadores do projeto. Para Silvia Teles, o educador popular tem uma relação com a comunidade que favorece o ensino. "A proximidade com o aluno faz com que ele compreenda melhor o seu processo de aprendizado", diz. Outra crítica ao programa era a falta de um controle sobre o processo de aprendizagem. Teles nega. Segundo ele, "havia uma rede de supervisão do trabalho, dos resultados e do emprego de verba." Para Teles, o Mova não tinha como finalidade apenas a educação formal. "Em uma pesquisa feita sobre o que o Mova significou para as pessoas, quase 80% dos entrevistados afirmaram que tiveram uma significativa melhora nas suas relações familiares", diz. Com Maluf, o Mova foi desativado e substituído pelo Proalfa (Programa Municipal de Alfabetização de Jovens e Adultos). Enquanto o Mova trabalhava em convênio com movimentos populares, o Proalfa é financiado pela prefeitura junto a empresas e instituições religiosas. O Proalfa tem 49 classes, atendendo 1.710 alunos. O programa, como o Mova, pode durar até dois anos e é dividido em módulos, oferecendo alfabetização e suplência 1 (1ª a 4ª série do 1º grau). "Ao contrário do Mova, nossos professores são habilitados. Muitas vezes, cedemos da rede municipal. Exigimos magistério de todos e damos certificados aos alunos", diz Iraildes Meira Pereira, coordenadora-geral do Proalfa. (AOA) Texto Anterior: Conheça as principais diferenças das duas gestões Próximo Texto: DEPOIMENTO Índice |
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