São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Política cultural do PFL ganha votos de 'culturetes' do Rio para Conde

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Nem esquerda, nem direita: pragmatismo. A opção pela continuidade da política cultural implantada pela secretária municipal de Cultura do Rio, Helena Severo, está levando artistas e produtores culturais a deixarem de lado a questão ideológica e optarem pelo voto em Luiz Paulo Conde (PFL) para a Prefeitura do Rio.
"Nunca votei em partidos da direita, jamais imaginei um dia votar no PFL, mas o que me fez pender para Conde foi a gestão de Helena Severo", disse o poeta e escritor Wally Salomão.
Salomão cita como um dos aspectos que o levou à decisão o trabalho feito pela RioArte (fundação que incentiva projetos culturais).
Entre os projetos desenvolvidos pela fundação estão as séries de livros "Perfis do Rio" -uma coleção dedicada a biografias de personalidades cariocas-, e "Cantos do Rio" -sobre bairros da cidade.
"É um grande trabalho. Um de meus livros foi publicado por eles", explicou.
Curador do acervo do artista plástico biografado por Salomão no recém-inaugurado Centro Cultural Hélio Oiticica (do município), o crítico de arte Luciano Figueiredo tem o mesmo raciocínio.
"As pessoas estão vendo que não podem fugir da objetividade da questão. É mais sensato ser objetivo, pragmático, e levar em conta as realizações do que votar pela questão partidária."
Para a cineasta Suzana de Moraes, que votou em Chico Alencar (PT) no primeiro turno, o investimento cultural foi o lado inteligente da gestão Cesar Maia. "Os partidos não têm mais um matiz ideológico. Acabo na situação estranhíssima de votar no PFL", disse.
A atriz Nathália Thimberg, que participou de encontro com Conde organizado por Helena Severo, afirmou ter sentido na reunião um grande apoio a Helena, "apesar do fato de Conde ser do PFL".
"Não costumo me pronunciar sobre questões políticas, mas o que senti ali é que haverá apoio ao homem e não ao partido", disse.
O dramaturgo e diretor teatral Domingos de Oliveira, eleitor do PT no primeiro turno e de Conde agora, é outro que afirma que a "atuação brilhante" da secretária foi fator relevante para a decisão.
"É mesmo uma questão pragmática. A continuidade tem suas vantagens", disse. Oliveira é diretor do teatro do Planetário -um dos teatros da rede municipal criada pela secretária- e tem quatro de suas peças encenadas no local. Para ele, no entanto, isso não foi o motivo da opção. "Estou deixando o cargo no final do ano."

Texto Anterior: Na TV, Erundina ataca, e PPB ignora
Próximo Texto: Tucanos temem campanha do voto nulo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.