São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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Homens lutam pelo direito de "abortar"

DA REDAÇÃO

Na esteira da luta da mulher pelo direito ao aborto começa a aparecer no mundo a luta do homem pelo seu direito de abortar. Mas, por razões óbvias, ele não se daria de forma física, mas jurídica.
Os homens querem que exista um documento legal que os exima de responsabilidades -como dar nome e dinheiro para a criança até que ela atinja a maioridade- quando a mulher tiver decidido sozinha pela gravidez e pela manutenção dela, em países onde o aborto é permitido.
"Deveria existir um dispositivo jurídico que protegesse o homem de mulheres que querem ter um filho por conta própria", afirma o publicitário e empresário Geraldo da Rocha Azevedo.
Nos Estados Unidos, já existe até uma associação (o Centro Nacional dos Homens) que desde janeiro distribui cópias de uma declaração que o homem assina e abdica de todos os direitos e responsabilidades pela criança indesejada.
A declaração não tem valor legal, mas os advogados da associação esperam que a Suprema Corte se manifeste a favor dela.
No Brasil as discussões estão mais cruas, até porque o aborto só é permitido em caso de estupro ou risco de vida da mãe. Mas elas são acaloradas no Imesc (instituto ligado à Secretaria de Estado da Justiça), onde são feitos exames para determinar a paternidade.
Lá os homens (que torcem para que o resultado do exame seja não) afirmam que foram usados pelas mulheres, que elas mentiram sobre uso de contraceptivos e que só estão interessadas em dinheiro.
As feministas rebatem, dizendo que enquanto as mulheres lutam pelo direito sobre o próprio corpo, os homens lutam pelo direito sobre o próprio bolso.

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