São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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Negócio das vans atrai desiludidos e desempregados

DA SUCURSAL DO RIO

A demanda pelos serviços de vans cresceu tanto no Rio a partir de 1995 que o setor acabou atraindo pessoas desempregadas ou insatisfeitas com seus trabalhos.
Aos 39 anos, o administrador de empresas Luiz Barcellos passou cinco meses sem emprego, após ser demitido da multinacional onde trabalhava, até comprar uma van, quatro meses atrás.
Em seguida, ele se associou à Cooper-Ilha, pagando uma taxa mensal de R$ 55, e começou a fazer o transporte de pessoas entre o centro e a ilha do Governador.
"Continuo botando meu currículo na rua, mas tenho poucas chances pela minha idade. Então, enquanto não surge alguma coisa, vou trabalhando nisso", diz.
Segundo ele, seu ganho líquido varia de R$ 1.500 a R$ 1.800 por mês. "É mais do que estaria ganhando na minha profissão."
O ex-estudante de ciências contábeis Carlos Alberto Viana, 25, afirma que estava "sem rumo" quando decidiu entrar no ramo de vans. "Vi a chance de tentar um negócio diferente."
Ele comprou uma H-100, da Hyundai, pela qual paga R$ 1.000 mensais, durante 36 meses. Viana diz que obtém lucro líquido de R$ 1.000 a R$ 1.500 por mês.
"Até agora, está uma maravilha", afirma Viana. Ele leva moradores da Tijuca (zona norte) à Barra (zona sul) aos domingos.
Samba
Ricardo Sousa, 34, largou seu emprego de funcionário da recepção em um hotel de luxo para comprar uma van, que usa principalmente em passeios de turistas.
A partir deste mês, ele passou a investir nos ensaios de escolas de samba, acrescentando cariocas à sua clientela. "Há muita gente da zona sul que não sabe o caminho para chegar às quadras das escolas ou tem medo de ir de carro."
Já Sandra Pereira, 43, aproveitou o plano de demissão voluntária da estatal onde trabalhava e investiu o dinheiro recebido na Falcon Tour.
A empresa tem hoje três veículos. "O que nos garante é o transporte escolar", diz. Outra especialidade são as viagens à região dos lagos -cada grupo de clientes paga R$ 350 para ser levado na sexta e trazido de volta no domingo.
Para Sueli Soeiro, da Luca's Van Tour, o serviço de vans é uma "complementação de renda".
Professora do município em vias de se aposentar, ela decidiu que não deveria parar de trabalhar. Por isso, comprou uma Topic de 16 lugares, que o marido, César, dirige.
"O problema é que o mercado está saturado. Você está tropeçando em van", afirma Sueli.
Xuxa
Apesar disso, as empresas do ramo preparam novos investimentos. É o caso da Two MS Locadora de Veículos, pertencente à Xuxa Produções, da apresentadora de TV Xuxa Meneghel.
A empresa, cuja principal atividade é conduzir funcionários de outras companhias, vai entrar no segmento de transporte de passeio, segundo o gerente administrativo Leonardo Amaral.

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