São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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Críticos temem mais abandono

DE WASHINGTON

Os adversários da proposta de dar ao homem o direito de abrir mão da paternidade indesejada acham que ela vai aumentar o número de crianças abandonadas.
Eles argumentam que o homem pode evitar a gravidez com preservativos. Mas os defensores da medida respondem que muitas vezes os preservativos falham e, mesmo assim, o homem é obrigado a assumir a responsabilidade pelo filho.
O Centro Nacional dos Homens também diz que muitos adolescentes não têm maturidade para decidir e não sabem como usar os preservativos. Uma adolescente que engravida em geral pode ter o apoio da família para abortar. Mas o rapaz nada pode fazer.
Há registros de casos de homens que foram forçados a manter relações sexuais e, ainda assim, tiveram que assumir a paternidade. O mais notório é o de Shane Seyer, de Kansas (meio-oeste), que tinha 12 anos em 1993, quando foi forçado pela sua babá a fazer sexo com ela.
Apesar disso, o rapaz tem sido obrigado pela Justiça a sustentar a criança resultante do caso.
Mesmo quando o exame de DNA nega a relação de paternidade, a Justiça pode decidir que um homem é o pai de uma criança e precisa sustentá-la.
Foi o caso de Rondey Darnell, em Iowa (meio-oeste), que em 1994 perdeu uma ação de paternidade apesar de a mãe da criança ter dito que ele não era o pai e o teste de DNA ter sido negativo. O juiz considerou os fatos "irrelevantes".
Os defensores dos direitos do homem dizem que a mulher que engravida tem três opções: abortar, entregar a criança para adoção ou sustentá-la. O homem só tem uma escolha: assumir a responsabilidade, senão vai para a cadeia.
Há carência de crianças para adoção nos EUA. Muitos casais que não conseguem engravidar têm de esperar por vezes anos até conseguir uma adoção. Segundo o CNH, esse é mais um argumento favorável ao estabelecimento do direito masculino de recusar a paternidade indesejada.
Embora pesquisas de opinião pública mostrem haver simpatia para os argumentos do CNH entre homens e mulheres nos EUA, mesmo os advogados do grupo reconhecem que ainda há um longo caminho a ser percorrido antes que sua tese possa ser considerada aceitável pela Suprema Corte.
No entanto, eles estão dispostos a forçar uma definição, recorrendo do maior número possível de casos de paternidade indesejada.

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