São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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Ação da Petrobrás é incógnita

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma incógnita permeia o aumento do pessimismo nos cenários econômicos para o ano de 1997: as compras de combustível e lubrificantes no exterior pela Petrobrás.
A título de recomposição de estoques, a estatal aumentou suas importações em US$ 224 milhões em setembro, sendo responsabilizada pelo governo pelo aumento do déficit a balança comercial daquele mês, para US$ 655 milhões.
A dúvida do mercado financeiro está no quanto a Petrobrás irá gastar nos três meses finais deste ano. Fala-se em até US$ 300 milhões mensais além do previsto.
"Esse cenário não está definido ainda. Mas é uma variável importante", diz Cristian Andrei, da LCA Consultores.
É certo, segundo ele, que o crescimento contínuo das importações tende a se manter nos próximos meses.
As empresas estão se modernizando -as importações de bens de capital tiveram acréscimo de 11,2% no ano até setembro-, o crédito externo é mais farto e mais barato e, por fim, não há chances de o governo fechar de novo o país ao comércio exterior.
Por outro lado, ninguém tem certeza de que as exportações crescerão a um ritmo suficiente para impedir o aumento do déficit comercial no ano que vem. Espera-se um "buraco" na casa dos US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões.
Dificuldades
O Fundo Monetário Internacional previu que o crescimento do comércio mundial em 1997 será de 7% a 8%, diz Andrei. Se o Brasil aumentar suas exportações à taxa de 8%, terminará o ano que vem com um volume de vendas externas da ordem de US$ 51,5 bilhões -menos que os US$ 52 bilhões de importações previstas para 1996.
"O Brasil teria que ganhar muito mercado lá fora para superar essas dificuldades", afirma o economista.
"Essas são medidas que terão maior impacto nas exportações a partir do ano que vem. E os ganhos de produtividade das empresas, perseguidos nos últimos nos, começarão a aparecer", diz Odair Abate, economista-chefe do Lloyds Bank. (MILTON GAMEZ)

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