São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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Receita chega a R$ 15 milhões

MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

Criadas há 50 anos pelo presidente Getúlio Vargas para compor a cúpula do sindicalismo brasileiro, as confederações dos trabalhadores vivem hoje um paradoxo.
Elas não convocam greves, não são convidadas pelo governo para debater o desemprego nem participam diretamente de negociações coletivas.
Mas, ao contrário dos sindicatos, que enfrentam hoje uma séria crise financeira, elas estão numa situação econômica invejável.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, as 15 confederações de empregados sediadas em Brasília vão arrecadar neste ano R$ 15 milhões. O valor é maior que o do ano passado (R$ 11 milhões). As maiores confederações, como as de trabalhadores na indústria e no comércio, vão arrecadar R$ 2,6 milhões cada uma.
Somente a Confederação dos Trabalhadores Metalúrgicos acusa uma redução em sua arrecadação, causada, segundo a entidade, por sindicatos que se negam a repassar a fatia que pertenceria a ela das contribuições sindicais.
A mágica que torna as confederações imunes à crise pela qual passa a maioria dos sindicatos é um fato que nem os sindicatos de trabalhadores nem o governo conseguem explicar.
Trabalho informal
Apesar das demissões nas indústrias e do aumento do chamado trabalho informal, cresce o valor do imposto sindical arrecadado em todo o país. Estima-se para este ano uma arrecadação de R$ 300 milhões (em 1995 arrecadou-se R$ 235 milhões).
Esse cálculo só pôde ser feito porque o Ministério do Trabalho divulgou à Folha o valor dos 20% da arrecadação que a lei determina que sejam usados para a geração de emprego. Poucas confederações revelam seu orçamento.
O imposto sindical é a mais antiga das quatro contribuições que mantêm a estrutura sindical. As confederações têm direito a 5% da receita com esse imposto.
Os sindicatos têm direito a 60% e, em tese, também deveriam ter sua arrecadação elevada.
No entanto, técnicos do Ministério do Trabalho especulam que a multiplicação dos sindicatos depois da promulgação da Constituição (5.000 foram criados depois de 1988) fez com que várias entidades antigas perdessem empregados para sindicatos novos, com os quais tiveram que dividir a mesma base.

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