São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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TV consegue fazer da F-1 bom negócio

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ruim com a Globo, pior sem ela. Esse, provavelmente, foi o pensamento de Bernie Ecclestone ao assinar o contrato que concedeu mais cinco anos de transmissão da F-1 para a emissora brasileira.
O todo-poderoso presidente da Foca (associação de construtores) até que tentou vender seu produto por um preço mais salgado -especula-se, US$ 20 milhões por ano.
Mas acabou fechando o negócio, na semana passada, por não mais do que US$ 10 milhões, segundo pessoas próximas à entidade.
Ecclestone chegou a reclamar do "tratamento" que a categoria mereceu da Globo nos últimos dois anos, quando a audiência despencou devido à ausência de Ayrton Senna, morto em acidente no GP de San Marino de 1994.
Em momento algum, porém, ele esboçou oferecer sua atração a outro canal. A opção pela fidelidade se explica: simplesmente não dá para competir com a Globo.
Caso contrário, como explicar que, nas manhãs de domingo, seja qual for a audiência da F-1, quase metade dos televisores estão sintonizados na emissora?
Ou aceitar que o telemarketing da Credicard receba mil ligações após um único comercial no intervalo do "Jornal Nacional"?
Segundo dados colhidos pela Folha junto ao Ibope, a audiência média da F-1 caiu de 24,8 pontos, em 1993, última temporada completa disputada por Senna, para 14 pontos neste ano.
A expectativa, segundo o instituto de pesquisa, é que cada ponto corresponda a 39.700 domicílios dotados de aparelho de TV.
Uma queda de aproximadamente 43% no total. Ano a ano, porém, as quedas foram de 31%, 13% e 5%. Ou seja, a tendência é a audiência se estabilizar nos tais 14 pontos.
Esse público, segundo os especialistas, seria formado pelos fãs incontestes da categoria, que não precisam de um ídolo local para acompanhar as corridas.
Mas esses números podem ser explicados, também, pelo simples fato de a transmissão ser da Globo. Em outro canal, certamente, a audiência seria ainda menor.
Pode-se dizer que a emissora se dá ao luxo de ter a F-1. E ganhar menos dinheiro do que poderia ganhar.

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