São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 1996
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Horne canta pela primeira vez no país

LUIS S. KRAUSZ
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um dos maiores nomes no cenário lírico internacional dos últimos 40 anos, a mezzo-soprano norte-americana Marilyn Horne apresenta-se, pela primeira vez no Brasil, hoje e quarta-feira, no Teatro Municipal de São Paulo.
Horne começou a cantar ainda na primeira infância.
Aos 4, apresentou-se pela primeira vez em público. Estudou, entre outras, com Lotte Lehman.
Já no começo de sua carreira internacional, na década de 50, trabalhou junto a Igor Stravinsky, Paul Hindemith e Dmitri Mitropoulos, sempre com a voz de soprano.
Adaptação
Aos 30 anos, entretanto, percebeu que sua voz "amadurecera" e que sua coloração passara a adaptar-se melhor a notas mais graves.
Sentindo-se mais à vontade numa oitava inferior, passou a cantar como mezzo-soprano.
Perdeu a voz mais aguda, mas iniciou uma longa e frutífera parceria com a soprano Joan Sutherland, ao lado de quem realizou, entre muitas outras, uma histórica gravação da Norma, de Bellini.
Uma das responsáveis pelo ressurgimento do culto ao bel canto na década de 60, ela jamais cedeu à tentação de especializar-se num segmento específico do repertório para sua voz.
O programa de seu recital, ao lado do pianista Brian Zeger, é dividido em cinco partes e não podia ser mais variado: La Horne canta de Haydn a Milhaud e Ginastera, passando por Rossini, Brahms, Hugo Wolf e melodias tradicionais do Japão e das Índias Ocidentais.
1.300 recitais
Efetivamente são raríssimas as intérpretes vocais comparáveis a ela tanto no quesito extensão do registro de voz quanto na amplitude de repertório e experiência.
Aos 62 anos, ela já apresentou mais de 1.300 recitais, além de ter sido a estrela maior de um sem-número de montagens operísticas nos maiores palcos do mundo e de ter gravado dúzias de discos junto aos mais importantes solistas instrumentais e maestros.
Para completar, é a única artista viva incluída por Harold Schonberg, do "The New York Times", na lista das nove maiores estrelas nos cem anos de existência do Metropolitan Opera House.
Por estas e outras, seu recital em São Paulo, que já deveria ter acontecido no ano passado, mas foi cancelado, é quase um acontecimento histórico para os entusiastas das grandes vozes.

Recital: Marilyn Horne
Quando: hoje e quarta-feira, às 21h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo s/n, tel. 222-8698)
Quanto: de R$ 20 a R$ 90, na bilheteria do teatro

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