São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 1996 |
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Convite à traição
VALDO CRUZ Brasília - O Luís Eduardo Magalhães gosta muito do Fernando Henrique. É um fiel amigo do presidente.Mas, com certeza, ele é muito mais fiel ao pai. Não tenha dúvida. Entre o pai e FHC, ele fica com o pai. O comentário é de um cacique pefelista, ao falar das disputas pelas presidências da Câmara e do Senado. O pai de Luís Eduardo, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), não pensa em outra coisa a não ser na cadeira de presidente do Senado. Só que a sua eleição enfrenta resistências. O PMDB quer continuar mandando na Casa, dirigida hoje por José Sarney (PMDB-AP). Até o presidente Fernando Henrique Cardoso não vê no senador baiano o candidato dos seus sonhos. Mas, caso ACM perca a eleição e vislumbre uma pequena participação de FHC em sua derrota, a primeira vítima da ira baiana será a emenda da reeleição. O deputado Luís Eduardo Magalhães, principal articulador da emenda no Congresso, perderá de imediato o entusiasmo que demonstra hoje na condução do grande sonho tucano. Aí, a emenda que dá a FHC o direito de disputar um segundo mandato não será votada tão cedo. A contragosto, o presidente pode ser obrigado a torcer por ACM. O problema é que, muito possivelmente, não bastará apenas torcer. O líder baiano não conta com a simpatia de muitos senadores. E, como muitos colegas de ACM lembram a todo momento, a votação para a presidência da Casa é secreta. E votação secreta, como estão dizendo parlamentares insatisfeitos, é um convite à traição. FHC conta um dado para acabar não sendo o último traído dessa história toda. Caso o senador baiano saia realmente derrotado, os pefelistas devem tornar as coisas mais difíceis, aumentando o custo da reeleição. Mas dificilmente vão abandonar o barco tucano. Por absoluta falta de um projeto alternativo. Texto Anterior: Procura-se um sonhador Próximo Texto: A corte dos intelectuais Índice |
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