São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996 |
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Posição dos corpos aponta que as vítimas foram avisadas da queda
AURELIANO BIANCARELLI
Significa que os passageiros teriam sido informados pela tripulação de que a aeronave estava prestes a cair e que deveriam adotar essa posição. "Mesmo com os corpos carbonizados, era possível notar que muitos estavam com a cabeça dobrada", disse o tenente-coronel Leopoldo Corrêa Filho, do 4º Grupamento de Incêndio. Nenhum dos passageiros do avião foi recolhido com vida. O empresário Tadeu Litwin, 44, disse que um dos corpos encontrados em sua garagem ainda se contorcia quando chegou. Litwin tinha levado as duas filhas à escola e estava retornando quando o avião caiu. Com o fogo e a queda dos fios, a energia elétrica e os telefones foram desligados na região. A notícia só teria chegado ao Corpo de Bombeiros dez minutos depois do acidente. O capitão José Belantoni, 35, da 1ª Companhia do 3º Batalhão da PM, viu a fumaça pela janela de sua sala e mandou um carro. A companhia fica a quatro quadras da rua Luis Orsini de Castro, a mais atingida. "Havia fogo e corpos por todos os lados", diz o capitão. Cerca de 20 minutos depois da queda -segundo vários moradores- chegaram os primeiros carros de bombeiros. Uma hora depois havia 124 bombeiros na área, 24 carros, 162 PMs, além de policiais civis e soldados da Aeronáutica. A polícia de trânsito bloqueou todas as ruas próximas. Mais de mil pessoas se juntaram nas esquinas e sobre os telhados e terraços que dão vista para a rua. A rua Luis Orsini é uma ladeira com cerca de 600 metros. O combustível do avião -que estava com os tanques cheios- começou a vazar já no choque com o primeiro prédio, junto à escola. Tadao Funada, que estava na calçada, foi incendiado pelo combustível que caiu sobre seu corpo. A barriga do avião destruiu o telhado do jornaleiro José Pedro, 59, e transformou sua cama em cinzas. A neta Jessica Cursi, que dormia no mesmo quarto, foi retirada com queimaduras nas costas e na cabeça. Já sem parte da asa, o avião inclinou-se para a esquerda, atingindo em cheio seis casas da rua. O que aconteceu depois -dizem os moradores- foi uma sucessão de milagres. O comerciante Marcos Padilha, 43, que mora numa casa em frente, diz que "Deus protegeu os moradores". Como uma lâmina, a asa esquerda foi cortando as casas, até que o nariz do avião arrastou e destruiu três delas. Na primeira casa atingida, o casal e um filho tinham saído. Uma das rodas do avião destruiu a parede do quarto do casal. Na casa ao lado, estaria a segundo vítima, o professor Marco Antonio Silveira, 34. Até as 21h, seu corpo não havia sido resgatado. Silveira teria entrado na sala para telefonar quando o sobrado caiu. Três outras pessoas que estavam no sobrado saíram pelos fundos. Sandra, que mora no quarto da frente, tinha saído para levar as crianças para a escola. Na casa ao lado, totalmente destruída, ninguém estava nos cômodos atingidos pelo avião. A menina Manoela costuma brincar todos os dias na frente da casa. Ontem, estava nos fundos. O vizinho ao lado tinha deixado o caminhão na calçada e entrado para tomar café. Seu caminhão derreteu. Duas casas abaixo, o menino Danilo Ferreira Manes, de um ano e sete meses, salvou-se a cinco metros do nariz do avião. A casa esfarelou-se. "Quando os bombeiros chegaram, nós já tínhamos apagado o fogo de muitas casas", conta a cozinheira Rosângela Fernandes, 44. O eletricista Gilmar Marques, 37, enfrentou labaredas de dois metros para retirar a família de casa. Texto Anterior: O acidente do vôo 402 Próximo Texto: LISTA DE PASSAGEIROS Índice |
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