São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996 |
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"Pixote" de Babenco parece mais real
JOSÉ GERALDO COUTO
O "Pixote" de Babenco, que era uma história inventada, parece, entretanto, muito mais verdadeiro que o filme de Joffily, que conta uma história real. Por quê? Porque Joffily optou abertamente por romancear a trajetória de Fernando, transformando-a num melodrama sobre a falta de perspectivas a que são condenados os meninos pobres do Brasil. O filme explora com eficácia a situação do pequeno contraventor que se vê, de repente, alçado ao limiar de um outro universo (o do estrelato), que permanece porém inacessível a ele. Conta com interpretações notáveis dos atores centrais -Cassiano Carneiro como Fernando, Luciana Rigueira como sua mulher Cida, ambos premiados em Gramado-, tira bom proveito da música popular (Roberto Carlos, Raul Seixas), descreve com delicadeza o universo do amor juvenil. Mas os problemas também são evidentes: o maniqueísmo, o excesso de ênfase da música (guitarras chorosas desde o início), a dramaturgia muito próxima das telenovelas, o artificialismo de certos ambientes e, principalmente, das relações entre os personagens. No Festival de Gramado, do qual foi o grande vencedor, com os prêmios do júri e do público, Joffily se defendeu dizendo que "quem evita as emoções acaba no gelo", ou algo parecido. A questão é: o filme oferece algo que a televisão não poderia dar (sob a forma de telenovela, de minissérie ou de especial)? A resposta será dada pelo público. Se o filme fizer sucesso, estará justificado. Filme: Quem Matou Pixote? Produção: Brasil, 1996 Com: Cassiano Carneiro, Luciana Rigueira e Joana Fonn Direção: José Joffily Estréia: Eldorado 3, Morumbi 6, Metro 2 e circuito Texto Anterior: "Quem Matou" estréia com 53 cópias Próximo Texto: "Jogo da Paixão" aposta na sucessão de clichês Índice |
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