São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996
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Estratégia reversa

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Que está complicada a aprovação da emenda da reeleição em janeiro na Câmara, ninguém duvida. Mas o governo trabalha para reverter esse quadro.
Uma das alavancas para melhorar a situação é exatamente o que seria o principal obstáculo: as eleições para presidentes da Câmara e do Senado.
A estratégia de FHC no momento é ficar calado a respeito de quem seriam seus preferidos para ocupar as presidências das duas Casas do Congresso. Nos bastidores, entretanto, já começou a emitir sinais.
No Senado, está cada vez mais difícil fugir de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Na Câmara, a situação é incerta. Mas o nome que começa a se consolidar é mesmo o do ministro da Coordenação de Assuntos Políticos, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP).
A idéia é tentar costurar um acordo concomitante em janeiro, que junte reeleição e presidências da Câmara e do Senado.
Enquanto os adversários da emenda da reeleição dizem que a disputa pelas presidências das duas Casas atrapalha as negociações, FHC trabalhará com a estratégia reversa: vai emprestar seu apoio em troca de garantia de aprovação da reeleição. Fará da pedra no caminho uma alavanca para alcançar seu objetivo principal.
Toda essa manobra será sempre da forma mais velada possível. FHC estará pisando sobre um terreno minado. Não pode ferir suscetibilidades. Poria tudo a perder.
Por tudo isso, os obstáculos estão sendo adequados ao plano principal.
Por exemplo, a emenda tem de ser votada em dois turnos na Câmara e no Senado. A idéia do governo é votar o primeiro turno no final de janeiro, na Câmara. O segundo turno seria votado no final de fevereiro, depois do Carnaval. Nesse intervalo os deputados elegeriam o seu novo presidente.
Pois bem, depois de votado o primeiro turno da emenda na Câmara, FHC estará fortalecido. A ponto de se tornar o mais cobiçado aliado para os candidatos a presidir a Câmara e o Senado. Venderá caro o seu apoio.

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