São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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PT quer debater valor de obras

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Encerrado o debate da TV Cultura, Luiza Erundina convidou Celso Pitta a fazer "outro debate" para falar exclusivamente sobre superfaturamento de obras executadas na administração Paulo Maluf.
Falando alto, a pouco metros de Pitta, disse ter documentos sobre sua suposta denúncia. Mas não quis mostrá-los. "Chamemos as empreiteiras para verificar se houve ou não superfaturamento."
Segundo a petista, houve superfaturamento -preços acima de valores praticados no mercado - na construção das avenidas Jacu-Pêssego, Água Espraiada e no complexo de túneis Ayrton Senna.
Para ela, o superfaturamento tem como base a renegociação feita em seu governo de contratos herdados da administração Jânio Quadros (86-88). Há casos de contratos, diz, que dobraram o custo.
"Em algumas dessas obras temos como base de cálculo a parte que construímos, como a Jacu-Pêssego, que fizemos 4 kms", diz. "Em Água Espraiada, o km custava R$ 10 milhões. Passou para R$ 21 milhões no atual governo".
"Tenho documentos e provoco o candidato (Pitta) que venha a público com as empreiteiras para que a gente possa deslindar (aclarar) esses dados, que são absolutamente verdadeiros", afirma.
Racismo
A candidata também retomou acusações de que Paulo Maluf é racista, feita inicialmente durante o debate com Pitta. Ela referiu-se a estudos sobre controle de natalidade feitos quando Maluf era governador (1979-1982).
Segundo ela, trata-se de relatório com base no Censo de 1980 feito pelo GAP, grupo de estudos e assessoria do governo de Maluf. "O relatório dizia ser preocupante que no ano 2000 teríamos 60% de negros em relação a brancos."
Segundo ela, o relatório dizia ser "necessário fazer alguma coisa desde já ou o país vai ser governado por negros". Erundina afirmou que o relatório foi "rechaçado" pelo então deputado estadual e atual ministro Luiz Carlos Santos.
"Ele entendia que aquela era uma política racista, fascista e nazista", diz, referindo-se às críticas feitas, segundo ela, por Santos. Após o primeiro turno, o ministro desencadeou operação de apoio a Pitta. O plano tem aval de FHC.
"Isso é o passado do Maluf", afirma Erundina. Promete apresentar o caso desse relatório do GAP em seu programa de TV.

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