São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996 |
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Túnel sob o Ibirapuera pagaria todos os corredores de ônibus que Maluf não fez
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Foram intervenções como o túnel sob o parque Ibirapuera, a avenida Água Espraiada, o túnel sob o rio Pinheiros, o complexo viário Jacu-Pêssego, a passagem de nível da av. Juscelino Kubitschek sob a av. Santo Amaro. Somadas, essas 15 grandes obras custaram cerca de R$ 3 bilhões -valor atualizado pela Folha a partir de dados do "Diário Oficial". Foram usados, para correção, o IPC e índices de correção monetária de obras públicas. A prefeitura não revelou os seus valores atualizados. Por meio de sua assessoria, o secretário de Vias Públicas Reynaldo de Barros avisou que não os divulgaria até o fim da eleição, por temer supostas manipulações dos números. O valor das obras corresponde a 26 vezes o que foi gasto pela prefeitura na construção e reforma de seis faixas ou corredores exclusivos de ônibus e oito terminais de passageiros: R$ 116,5 milhões. Em termos de custo-benefício, as obras voltadas ao transporte coletivo trazem mais conforto a uma parcela maior da população. Basta comparar as maiores obras de Maluf para carros e ônibus. A reforma dos 14 quilômetros do corredor Santo Amaro/9 de Julho (que liga a zona sul ao centro) reduziu em 18 minutos o tempo gasto por 250 mil pessoas que fazem diariamente esse trajeto. Custou R$ 19,7 milhões. Pelo túnel sob o Ibirapuera -onde os ônibus não podem trafegar- passarão, segundo a CET, 50 mil carros por dia -ou 75 mil pessoas. E custou R$ 730 milhões. Em outras palavras: a primeira obra custou cerca de R$ 80,00 por passageiro de ônibus, contra R$ 9.733,00 por motorista de carro particular da segunda. "As obras no sistema viário melhoram muito o transporte coletivo. O túnel favoreceu o trânsito nas redondezas, na av. Brasil, por exemplo", diz Carlos de Souza Toledo, secretário de Transportes. Especialistas dizem que novas vias geram, em médio prazo, novas viagens e pioram o tráfego. Toledo concorda, mas diz que a obra atendeu à demanda já existente. A prefeitura reconhece a necessidade de aumentar os corredores exclusivos de ônibus. E tinha planos de estender em 240 km essa rede, conta o presidente da SP Trans, Francisco Christovam. O projeto era baseado na privatização das linhas, mas não vingou. O BNDES não aprovou o financiamento para a iniciativa privada. Seu custo, R$ 700 milhões, seria o mesmo de apenas uma obra viária como túnel sob o Ibirapuera. Texto Anterior: Tarifa bate recorde com Maluf Próximo Texto: Aumentam acidentes de carro Índice |
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