São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Se todos os carros de SP saíssem ao mesmo tempo, não caberiam nas ruas

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O trânsito em São Paulo caminha na contramão do que recomendam os especialistas: a cada ano diminui o número de passageiros de transportes coletivos como ônibus e aumenta o de usuários de carros.
O resultado dessa equação é o crescimento geométrico dos quilômetros de congestionamento, a queda da velocidade média de carros e ônibus e mais tempo perdido nos deslocamentos pela cidade.
O dado mais antigo coletado pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) sobre lentidão no trânsito é de 1991. Naquele ano, no horário mais movimentado do dia, o fim de tarde, registrava-se em média 35,1 km de congestionamentos na cidade.
Este ano, a mais recente medição indicou uma extensão média de vias congestionadas de 123,4 km. Ou seja: um aumento de 351% em cinco anos. A causa dessa piora explosiva é o aumento do número de carros em circulação.
Em 91, havia 3,6 milhões de veículos registrados na cidade. Hoje, a frota é de 4,7 milhões -mais um milhão de novos veículos. Nesse ritmo, não há construção de ruas, avenidas e túneis que dê conta de fazer circular essa frota.
O último dado da SP Trans estima que há 18 mil quilômetros de ruas em São Paulo. Entretanto, a grande maioria só atende o trânsito local e tem pouco movimento. Há apenas 3 mil quilômetros de vias principais, que ligam um ponto a outro da cidade.
Se todos os veículos registrados no município saíssem ao mesmo tempo, não haveria espaço para todos. Seria o grande congestionamento, previsto pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão no livro "Não Verás País Nenhum": os carros não teriam para onde ir, nem para frente, nem para trás.
Nos seus cálculos, técnicos da CET estimam em 5 metros o espaço ocupado por um carro na rua, já contabilizada a distância para os veículos ao redor.
Esse valor multiplicado pelo tamanho da frota resultaria um congestionamento de 23,3 mil quilômetros -maior do que o tamanho das ruas da cidade.
O que separa hoje a realidade da ficção caótica é que as pessoas saem às ruas em horários diferentes. Além disso, pouco mais de 3 milhões de veículos da frota total efetivamente circulam na cidade (o resto está em outras cidades ou parados nas garagens).

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