São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996 |
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De 370 ex-internos, 36,5% caíram no crime
ARMANDO ANTENORE
Os 370 apresentam três características em comum: Foram abandonados pelos pais no Estado de São Paulo entre 1958 e 1964 (70% deles tinham menos de um ano). Permaneceram nos internatos por mais de uma década. Antes da internação, não possuíam histórico de criminalidade (nem pessoal nem familiar). O pesquisador adotou tais critérios para selecionar os garotos porque pretendia incluir, entre os 370, ele próprio e seus dois irmãos homens, Flávio e Reis. "Desde o princípio", explica, "queria que a tese me fizesse refletir sobre o que aconteceu comigo e com minha família. Também desejava entender o destino dos meus amigos de infância." O estudo, portanto, tenta radiografar toda uma geração de crianças abandonadas -homens que, hoje, estão na faixa dos 30 e 40 anos. "Resolvi só trabalhar com o sexo masculino por ser o universo que conheço melhor", esclarece Silva. Disciplina Como adentraram os internatos entre 1958 e 1964, os 370 garotos presenciaram uma mudança significativa na política pública de assistência à infância. Durante a década de 50 e o início dos anos 60, as crianças abandonadas iam preferencialmente para instituições particulares fiscalizadas pela Justiça de Menores. Eram internatos que reuniam grupos pequenos de meninos (quase sempre, menos de 150). E que tinham o cuidado de não os distanciar dos irmãos nem os colocar em contato com infratores. O movimento militar de 1964 muda tudo. Naquele ano, nasce a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. Gerida pelo Executivo, a Funabem cria os grandes complexos de internação. São instituições que concentram mais de 500 crianças, funcionam sob rígida disciplina, misturam infratores com meninos sem antecedentes criminais e geralmente não mantêm irmãos juntos. A filosofia que as norteia persiste ainda hoje nas unidades da Febem. Silva e a maioria dos outros 369 garotos que compõem a amostra moraram em internatos desse tipo. Texto Anterior: Ex-menino de rua revê vida marginal na USP Próximo Texto: Ação alegará danos morais Índice |
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