São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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'Tese flagra modelo que não funciona'

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Febem paulista, Eduardo Domingues, considera que a tese de Roberto da Silva "radiografa um modelo de internato ainda em vigor, mas completamente ultrapassado".
"O trabalho flagra uma realidade que todos nós queremos modificar", afirma. "Silva vivenciou -e agora analisa com precisão- um sistema que não funciona, é sabidamente equivocado."
Domingues conheceu o pesquisador há pouco menos de um ano. "Participamos juntos de alguns seminários."
O presidente esclarece que não leu o estudo. "Mesmo assim, sei do que se trata, porque já conversei com Silva sobre o assunto."
Explica, ainda, que está tentando "desmontar esse monólito" retratado pela tese.
Para tanto, diz que impôs à sua gestão quatro metas principais:
*Desativar os grandes complexos de internação, substituindo-os por unidades menores.
*Diminuir o tempo que as crianças carentes e abandonadas passam dentro do internato. "Procuramos, primeiro, devolver os internos às famílias biológicas. Se não conseguimos, tentamos entregá-los para outras famílias por meio de guarda ou adoção."
*Manter infratores longe dos meninos e meninas sem antecedentes criminais.
*Evitar a separação de irmãos.
"O estudo é irrefutável", opina Nazih Meserani, que presidiu a Febem de São Paulo entre 1986 e 1987. "A tese aborda um tema já muito debatido sob uma ótica absolutamente inédita."
Para Meserani, o trabalho traz "esclarecimentos preciosos sobre o que sente quem passa parte da vida em institutos correcionais e de amparo à infância".
A orientadora da tese, Angelina Peralva, insere o estudo dentro de um movimento intelectual que ganhou força a partir dos anos 60.
"Foi quando ecoaram as críticas às instituições que negam as identidades individuais e tentam normatizar o comportamento das pessoas."
(AA)

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