São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Cobrança irrita os frequentadores

Estudante classifica medida como 'absurda'

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A notícia do fechamento dos acessos ao Parque Nacional da Tijuca irritou moradores, visitantes e comerciantes que foram ouvidos pela Folha na quarta-feira passada.
O universitário Diogo de Araújo, 24, disse considerar "inteiramente absurda" a decisão do Ibama de cobrar pela entrada no parque.
Araújo frequenta a floresta da Tijuca seis vezes por semana. Ele sai de casa, no Cosme Velho (zona sul), e caminha cerca de cinco quilômetros até chegar à cachoeira das Paineiras, onde toma banho e faz exercícios.
"Como podem restringir o direito de ir e vir em um parque nacional? Em Paris, há quatro parques. Em nenhum deles se cobra entrada", afirmou Araújo, que estuda direito.
Esvaziamento
O empresário Ivan Abali, 61, reclama do esvaziamento do Parque Nacional.
Sócio do restaurante Cascatinha, Abali diz que há 15 anos atendia 300 pessoas nos fins-de-semana.
Hoje, a média é de cem fregueses, somando as frequências de sábados e domingos.
"É ruim fechar o parque porque a visitação hoje é quase zero. Existe a lenda de que o parque é perigoso. Nunca foi. Cobrando entrada vai esvaziar ainda mais", afirmou Abali, que trabalha no parque há 40 anos.
O estudante Pedro Rio Branco, 18, mora dentro do Parque Nacional, em uma casa na região denominada Silvestre.
"Minha família mora na floresta há mais de cem anos. Não fomos avisados de nada", disse Rio Branco, para quem a falta de policiamento torna o parque "muito perigoso".
Segundo Rio Branco, estudante de comunicação social, "até os policiais militares têm medo de andar por aqui, porque a área é muito isolada".
"Quando venho, não trago namorada", afirmou o estudante.
Os moradores do parque não vão precisar pagar ingresso.
Um dos grandes admiradores e frequentadores da floresta da Tijuca era o cantor e compositor Tom Jobim, morto em dezembro de 1994. Ele era natural do bairro.
Turistas
Os turistas são os únicos que se mostram favoráveis à cobrança de ingressos para o parque.
Em visita ao Rio, o representante comercial paulista Luís Carlos Ferreira, 34, esteve no mirante Dona Marta na manhã de quarta-feira.
Ele disse que vê com esperança as mudanças prometidas pelo Ibama.
"Sou a favor. Acho bom tudo que é para melhorar a segurança", afirmou.
(ST)

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