São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Mata é ponto de desova de cadáver

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A floresta da Tijuca se transformou nesta década no maior ponto de ocultação de cadáveres na região metropolitana do Rio.
Por mês, os bombeiros recolhem cerca de 100 corpos de pessoas assassinadas dentro do parque.
O comandante do Grupamento de Defesa Civil do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Pedro Cipriano, disse à Folha que os pontos críticos de desova de cadáver são as matas próximas às favelas de bairros da zona norte.
O fechamento dos acessos ao parque é elogiado pelo comandante da Defesa Civil do Estado.
"Na verdade, a floresta hoje é controlada por marginais", disse o tenente-coronel Pedro Cipriano.
Cerca de 20 favelas nos bairros do Rio Comprido, Tijuca, Andaraí e Grajaú fazem limite com o Parque Nacional.
Por meio de trilhas, as quadrilhas criminosas entram nas matas, enterrando as vítimas em cemitérios clandestinos e construindo acampamentos para a armazenagem de armas, munição e drogas.
As desertas estradas do Sumaré e do Redentor são os pontos preferidos para o abandono de corpos trazidos dentro de carros.
Os assassinos jogam as vítimas em abismos nas margens das estradas. Foi o que aconteceu no início do mês com o discotecário Márcio José Torres, morto ao ser atirado do alto de um despenhadeiro após ser sequestrado.
Os assaltos acontecem nas áreas de mirantes turísticos, como o Dona Marta e a Vista Chinesa.
A PM (Polícia Militar) tem mantido uma equipe de plantão no Dona Marta, já que turistas vinham sendo atacados por assaltantes que se escondiam em trilhas que levam à favela vizinha ao mirante.
Além da PM, trabalham na vigilância do parque 16 seguranças particulares e nove agentes do Ibama.
(ST)

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