São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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EUA podem ter cartel em clínicas

Empresas são investigadas

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) está investigando as empresas norte-americanas NMC (National Medical Care) e Baxter por suspeita de participação em clínicas de hemodiálise (processo de filtragem do sangue) e formação de cartel.
Cartel é o controle da oferta de bens e serviços por um grupo pequeno de empresas. A denúncia contra as duas empresas foi levada ao Cade pela Sociedade Brasileira de Nefrologia e pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).
A Constituição (artigo 199) proíbe a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no país.
O Cade já solicitou informações às duas empresas, sobretudo sobre a acusação do CFM de que elas estariam operando em clínicas credenciadas junto ao SUS (Sistema Único de Saúde).
As NMC e a Baxter confirmaram contratos com clínicas de hemodiálise credenciadas junto ao SUS, mas apenas para serviços na área administrativa, fornecimento de produtos e importação de equipamentos (leia texto nesta página).
O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) disse que interpelará o Ministério da Justiça sobre exploração de serviços de diálise por empresas de capital estrangeiro.
Ele está insatisfeito com a resposta do Ministério da Saúde a um requerimento de informações do Senado sobre situação dos serviços de diálise e transplantes no SUS.
O relatório da Saúde afirma que teve "notícias de que empresas de capital estrangeiro estariam implantando serviços de hemodiálise no Brasil. Mais especificamente, a NMC e a Baxter".
Segundo o senador, a única medida do ministério foi criar grupo de trabalho no âmbito do Conselho Nacional de Saúde para examinar a atuação das duas empresas.
Esse grupo, de acordo como relatório da Saúde, constatou a existência de um contrato de franquia entre a NMC e a Clínica de Doenças Renais, no Rio de Janeiro.
Já o secretário de Assistência a Saúde, Eduardo Levcovitz, disse que o ministério analisou contratos de clínicas credenciadas junto ao SUS para tratamentos de diálise há "cinco ou seis meses" e não encontrou empresas estrangeiras.
Ele disse que a NMC e a Baxter não têm registro nem cadastro no SUS. Em janeiro, o Ministério da Saúde iniciará o recadastramento dos serviços de diálise no país.
Levcovitz disse que a autorização de entrada de uma clínica no SUS somente é feita após vistoria pelas secretarias estaduais de saúde.
O SUS paga às clínicas R$ 93,00 para cada processo de diálise realizado. Levcovitz disse que o ministério está desembolsando efetivamente R$ 76,00 pelo tratamento, porque não há verbas suficientes.
Depois da morte de 60 pacientes entre fevereiro e outubro no Instituto de Doenças Renais de Caruaru (PE) por contaminação da água usada em hemodiálise, o ministério fixou novas regras para o funcionamento desse tipo de serviço.

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