São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Namorado faz mulher passar vergonha

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O que há em comum entre: a) um homem inteligente, mas muito feio; b) um bom de cama, mas desempregado; c) um bem rico, mas ridículo; d) um mais jovem e bonito, mas meio bobo?
Resposta: todos podem fazer uma mulher passar vergonha em público. Quem responde são moças que já experimentaram pelo menos uma das possibilidades acima -e acabaram constrangidas.
"Troquei meu primeiro marido por um homem brilhante, mas que media 1,60m, usava barba para esconder os cravos pretos do rosto e tinha um mau gosto inédito para se vestir", conta a publicitária e ex-modelo Paula Gessolo, 46.
Ela afirma que o amigo feio a conquistou pela inteligência. "Eu era romântica e achei que as qualidades dele superariam os inconvenientes", explica. "Três anos depois, vi que tinha me enganado."
Paula conta que, no ambiente publicitário, tudo bem, o feio brilhava. "Eu tinha até orgulho", diz.
Mas fora dali, ele se armava de "compensações" que a deixavam constrangida."Ele tinha um Porsche maravilhoso, por exemplo, mas não adiantava nada. Ficava mais ridículo ainda lá dentro."
Paula se escondia sempre. "Passei um final de semana em Campos de Jordão 'com cólica', no quarto do hotel, para não ter de descer com ele para o lobby."
Anão de jardim
Embora fosse respeitado no meio intelectual, o companheiro de Paula ganhou um apelido dos amigos "inteligentes".
"Chamavam-no de anão-de-jardim", lembra ela. "Eu nunca contei, para não magoar, mas também não me privava de achar graça."
Outra que também não perde o bom humor é a intérprete Fabienne Guttin, 41.
Ela foi casada por dez anos com um homem "bom de cama", mas que vivia desempregado.
"Era legal porque ele lavava roupa, passava aspirador de pó na casa e me servia cafezinho quando eu chegava do trabalho."
Fabienne costuma classificar relacionamentos como o dela de "indoors" (dentro de casa).
"Não podia levá-lo a lugar nenhum", conta. "Tínhamos formações diferentes e era vexame na certa (leia depoimento ao lado)."
Saltinho
Se o relacionamento de Fabienne era "indoors", o da socialite Cecília Neves, 29, foi completamente "outdoors".
Cecília namorou durante dois anos com um homem rico e que adorava "aparecer". "Ele não tinha vergonha do ridículo", diz.
Ela conta que a falta de vergonha era maior nas roupas. "O que mais me incomodava era o saltinho e o blazer colorido."
"Mas tinham também as piadas sem graça nenhuma, que me davam vontade de sumir", continua.
Quando saíam, Cecília e o namorado eram acompanhados de muitos carros e seguranças.
"Achava aquilo divertido, no início, porque era folclórico. Depois, perdeu totalmente a graça."
Ela diz que, quando deixou de amar o namorado, ele voltou "ao tamanho de um ser humano" (mesmo com o saltinho). "Quando a gente ama, a pessoa cresce."
O ex-namorado três anos mais novo da produtora Karla Negri, 24, não "diminuiu", mas em compensação não "cresceu". "Ele era muito criança", diz.
Karla conta que o rapaz não mostrava interesse em acompanhar a conversa dos amigos mais velhos dela.
"Ele não se informava, por isso não podia dar opinião", diz. "Às vezes, falava besteiras e eu ficava constrangida."

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