São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Depoimento

"Fui casada dez anos com um homem que tinha medo de derrotas e, por isso, não procurava emprego -vivia fechado em casa. Me acostumei com ele fazendo o serviço doméstico.
O problema é que eu trabalhava em uma multinacional, como relaçães-públicas, e tinha de manter as aparências. Quando perguntavam o que ele fazia, morria de vergonha.
Não é machismo: acho que todo mundo tem de ter um emprego.
A vaidade dele era 'zero': usava tênis velhos, camisas meio furadas e pedia à minha filha de 13 anos para cortar o cabelo dele.
Se o levava (com esse cabelo) a um jantar com muitos talheres e vários copos, ele não sabia por onde começar.
Com o tempo, me senti desvalorizada -ele frustrava a imagem que faziam de mim.
Tive amantes, durante o relacionamento, porque senti falta de alguém que pagasse a conta para mim, que tomasse iniciativas e levasse o carro ao conserto.
Por que eu fiquei com ele esse tempo todo? Porque tinha tesão. Foi um acasalamento sexual inédito na minha vida."

Fabienne Guttin, 41, é professora de francês e intérprete.

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