São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Voar é solução para quem tem medo de avião, diz psicóloga

SOLANGE IGREJAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O pânico de voar tem tratamento. A melhor solução é "expor a pessoa a esse medo". Quem afirma é a psicóloga Ligia Ido, pesquisadora do Ambulatório de ansiedade do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Ido afirma que alguns homens de negócios perdem promoções porque se negam a viajar e têm vergonha de explicar o motivo.
Pessoas que dão aulas ou palestras também acabam prejudicadas porque recusam convites quando precisam voar.
Ela explica que o medo "é uma emoção normal que auxilia na sobrevivência da espécie".
O medo exagerado é a fobia, que atrapalha a vida profissional e familiar do indivíduo. Ela vem acompanhada de "reações físicas de ansiedade, como coração disparado, suor nas mãos, tremores". O pânico acontece quando os sintomas de ansiedade vêm "numa crise, que dura minutos e se reduz sozinha".
Fantasia
Usando a imaginação, o paciente pensa nos procedimentos normais de uma viagem. Reservar a passagem, fazer as malas, ir para o aeroporto, fazer o "check in" etc.
Num momento posterior, o paciente é orientado a ir ao aeroporto e observar a movimentação. O teste final é uma viagem de verdade.
Ido afirma que "nenhum paciente faz a 1ª viagem com sucesso total. Mas apresenta 80,90% de melhora". Não há mais reações físicas de ansiedade.
O tempo de tratamento varia de acordo com o paciente. A média de duração é de 4 a 5 meses até a 1ª viagem. Durante o tratamento, Ido diz que os pacientes "deixam os amuletos, como crucifixos, relógios ou comprimidos para dormir".
perda de controle
Ido afirma que a maior preocupação não é de morrer num acidente, mas de "passar mal no ar".
"Quando a porta do avião fecha, a pessoa vê que está presa sob o comando de uma outra. Ela perde o controle da própria vida".
A psicóloga ressalta que o momento mais crítico é o da decolagem. Na aterrissagem, há "um alívio de ansiedade".
"Todos sabem que um acidente de carro é mais provável que de avião. Mas as pessoas acham que têm maior controle sobre o carro, mesmo que não o dirijam. Num avião, não se tem noção de nada."
Ido recomenda que as pessoas entrem relaxadas no avião, respirem devagar e não tenham pensamentos negativos.
"É bom evitar pensar nos problemas de rotina ou de relacionamento. Deve-se pensar nas coisas boas que vão acontecer quando se chegar ao destino da viagem."

Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas: faz tiragem de pacientes às segundas-feiras, das 7 às 10h. O endereço é rua Ovídio Pires de Campos, s/n.

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