São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Autogestão 'salva' 6.000 empregos até 97

DANIELA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas administradas pelos próprios empregados -conhecidas como de autogestão- deverão garantir até 97 a manutenção de 6.000 empregos diretos.
Funcionários estão vendo nesse sistema a única saída para manter o emprego, assumindo empresas quebradas, que chegaram até a fechar suas portas.
Eles preferem ficar com o passivo da companhia, negociar dívidas trabalhistas em troca de máquinas e ferramentas e mesmo usar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para obter recursos para reerguer a fábrica.
São poucas as empresas que conseguiram, desde 93, quando se iniciou este sistema no país, cumprir esse objetivo e prever lucros em 97. A maioria está tentando equilibrar receitas e despesas, mas não se arrepende de ter assumido o risco.
O número de empresas que funcionam sob esse sistema ou no de co-gestão (direção conjunta de patrões e empregados) ainda não é elevado. São 16 em todo o país, que atuam principalmente na área de metalurgia.
Mas o número de projetos para adoção desse sistema dobrou em relação a 95. São atualmente 22, sendo que neste ano as empresas têxteis representam a maior parte.
Até 97 a transferência do controle acionário destas empresas para os trabalhadores deverá ser concluída, diz Aparecido Faria, diretor técnico da Anteag (Associação Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Autogestão e Participação Acionária).
O motivo do aumento em 96 é o mesmo que originou, em 93, diz Faria, as mudanças na relação patrão-empregado em cinco empresas que adotaram a autogestão: companhias com graves problemas financeiros.
Em 95, o número de falências decretadas -2.670- cresceu 33% em relação a 94. Neste ano, até setembro, foram 3.253, segundo a Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos).
Segundo Faria, a Anteag, que participa das negociações, recebia, em média, duas consultas por mês de empresas interessadas em se tornar de autogestão.
Neste ano, o número de consultas passou para dez ao mês.
"Nem todos os projetos são viáveis. Muitas vezes aparecem empresários querendo transferir para os funcionários empresas completamente falidas, de difícil recuperação no mercado", diz Faria.
São ainda exemplos raros, mas nem todas as empresas que funcionam sob autogestão foram transferidas para os trabalhadores porque enfrentavam problemas financeiros. O motivo também pode ser melhora na produtividade.
É o caso da Frunorte, no Rio Grande do Norte, em sistema co-gestão. A empresa obteve recursos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para que 250 empregados se tornassem sócios da empresa (49% das ações), diz Faria.

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