São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Engenho do século 16 guarda segredos da povoação do país

RODRIGO CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de 40 anos depois de descoberto casualmente, o engenho São Jorge dos Erasmos, em Santos (litoral de São Paulo), deve começar a fornecer "provas materiais" do início do primeiro projeto de colonização oficial do Brasil, a cargo de Martim Afonso de Sousa.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade Católica de Santos pretendem juntar aos textos objetos que documentam a vida cotidiana e do trabalho dos primeiros senhores de engenho do país.
O terreno do engenho foi tombada em 1974 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo). Apenas em 1996 começaram os trabalhos de prospecção das ruínas.
História
Em 1530 as terras brasileiras permaneciam ainda pouco exploradas. As Índias e a falta de uma mercadoria de alto valor para imediata exploração (não se tinham achado no Brasil ainda metais preciosos ou especiarias) contribuíam para o desinteresse de Portugal.
Encontravam-se ao longo da costa apenas algumas feitorias (fortificações toscas de madeira que reuniam uma pequena população e se destinavam apenas ao armazenamento do pau-brasil -madeira utilizada na fabricação de corantes, móveis e caravelas).
Essas fortificações eram insuficientes para proteger as terras brasileiras dos invasores estrangeiros. Portugal, preocupado com a possibilidade de perder sua colônia, opta pela povoação -a forma mais segura para garantir a posse de tão vasto território.
Uma expedição sob o comando de Martim Afonso de Sousa parte de Portugal com a missão pioneira de povoar a extensa colônia. Chega ao Brasil em 30 de janeiro de 1531.
Em janeiro de 1532 aporta em São Vicente, onde funda a primeira povoação brasileira "oficial".
Martim Afonso organiza os poderes judiciário e administrativo da povoação, e constrói as primeiras indústrias do Brasil. Dentre elas, o engenho do Governador, mais tarde, engenho São Jorge dos Erasmos.
O alto custo envolvido na expedição mostra que a colonização patrocinada exclusivamente pela metrópole era inviável. Portugal institui nos anos seguintes o sistema de capitanias hereditárias.
Faixas de terra são doadas a fidalgos, que se comprometem a povoá-las e explorá-las economicamente.
A colonização vai se consolidar em 1549 com a instalação do Governo Geral. Martim Afonso parte do Brasil no final de 1533.
A indústria açucareira logo se tornaria a principal atividade econômica da colônia, sustentando-a e à metrópole até o século 19, quando do descobrimento de ouro em Minas Gerais.

LEIA MAIS sobre o engenho dos Erasmos na página 5-16

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