São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Pesquisa acha fôrma de pão-de-açúcar

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Uma mó de pedra é considerada pela arqueóloga Margarida Andreatta como a peça mais importante descoberta desde o início dos trabalhos.
A mó é uma roda com cerca de um metro de diâmetro que fazia girar os eixos com os quais se esmagava a cana para obter o caldo. Era acionada por animais ou por escravos.
Outra peça importante para a reconstituição histórica do modo de produção do engenho são fragmentos das fôrmas de pão-de-açúcar, as quais os pesquisadores estão tentando reconstituir.
Essas fôrmas -cones com um furo na ponta- recebiam o caldo de cana fervido e o armazenavam por 45 dias, período após o qual o "pão" (bloco de açúcar endurecido) era retirado.
O "pão" era cortado pelos escravos de modo que fossem separadas as partes "nobres" do açúcar -destinadas à exportação- da parte que misturava bagaço de cana e impurezas -destinadas à alimentação dos escravos.
A parte nobre do "pão" era mais clara e ficava depositada na camada superior do bloco de açúcar. Na parte inferior, se depositava o açúcar mascavo, mais escuro.
Os pesquisadores estão tentando reconstituir também restos de pratos de louça. Em dois dos fragmentos aparecem os selos que identificam os fabricantes, ingleses.
Pratos e telhas serão datados a partir da comparação com modelos que aparecem em catálogos internacionais de arqueologia.
Um nicho embutido em uma das paredes é a indicação do provável local onde ficava a capela do engenho. Também apareceram cinco soleiras de pedra, uma das quais com marcas em forma de meio semicírculo, que indicam o movimento das portas.
O local, segundo Andreatta, era provavelmente um dos cômodos da casa do senhor do engenho.
Nas paredes que restaram há orifícios retangulares verticais -as "seteiras".
As "seteiras" serviam para que os ocupantes do cômodo observassem eventuais ameaças externas e alvejassem os inimigos sem que pudessem ser atingidos por quem estivesse do lado de fora.

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