São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Chico César faz show grátis no Pacaembu

CASSIANO ELEK MACHADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Chico César é onipresente. O músico de Catolé da Rocha, cidade a cerca de 400 km de João Pessoa, capital da Paraíba, está ao mesmo tempo em toda parte.
Francisco César Gonçalves já se apresentou 62 vezes em 96, para um público superior a 80 mil pessoas. Suas canções estão nos rádios, nas casas dos compradores das mais de 100 mil cópias de "Cuscuz Clã", seu segundo trabalho, e na trilha da novela global "O Rei do Gado", na voz de Daniela Mercury.
O paraibano já circula até na Internet (http://www.brmusic.com/uptodate/values.htm).
Hoje César mostra que também está em São Paulo. O músico catuleense se apresenta em palco improvisado em frente ao Pacaembu.
Acompanhado da banda Cuscuz Clã, que alia a base de baixo, bateria e guitarra a um potente naipe de sopros, mostra músicas do seu segundo CD, no lançamento da versão 96 da campanha "Crer para Ver", que procura captar recursos para a melhoria do ensino público.
O show é gratuito, e César não recebe cachê, assim como o grupo Acrobático Fratelli, que abre o show. A iniciativa pretende arrecadar dinheiro por meio da venda de cartões de final de ano desenhados por artistas como Kiko Farkas, Edith Derdik e Gal Oppido.
Trajetória
A trajetória de Chico César é conhecida. Catolé da Rocha é o ponto de partida. Aos dez anos trabalhou na loja de discos Lunik, onde ouvia de Teixeirinha a Rolling Stone.
Ouvido forrado, começou a compor aos 12 e, dois anos depois, veio o primeiro "empurrão", com o quarto lugar em um festival de música ganhou um violão.
Nos anos 80, influenciado por grupos como Premeditando o Breque e pelo cantor Arrigo Barnabé, Chico participou de um grupo pouco convencional chamado Jaguaribe Carne, que misturava teoria política de Mao Tse-tung e poesia pornográfica.
Antes de mudar para São Paulo, em 1985, se formou em jornalismo na Universidade Federal da Paraíba. Costuma dizer que não guarda saudades da experiência de reportagem e crítico de música.
Ator
Poucos sabem, mas César também já foi ator. Representou uma empregada doméstica em montagem da peça "O Alienista", de Machado de Assis, no teatro Sesc Anchieta. Também não ficou satisfeito, achava muito chato ter que repetir a mesma cena todas as noites.
O primeiro grande passo do catuleense no cenário musical paulistano foi uma participação na banda de Itamar Assumpção.
Logo que chegou a São Paulo, se apresentar para platéias de até cinco pessoas. Mas Chico César foi comeu o sucesso pelas bordas, até que lançou "Aos Vivos", em junho de 1995.
Quatro das músicas desse trabalho acústico, produzido pela gravadora Velas, são garantidas no show do Pacaembu.
"À Primeira Vista", "Benazir" e "Mama Africa", seus "hits", aparecem na roupagem do segundo CD, com acompanhamento da banda. Sozinho com o violão, toca "Beradêro".
As cerca de 250 composições inéditas que diz manter "na gaveta" só começam a aparecer em 97. Disco novo, só em junho, mesmo mês de lançamento dos dois anteriores. Até lá, "Cuscuz Clã" continua em todos lugares ao mesmo tempo. (CASSIANO ELEK MACHADO)

Show: Chico César
Quando: hoje, a partir das 17h
Onde: praça Charles Miller - em frente ao estádio do Pacaembu
Quanto: entrada franca

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