São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acidente aéreo; Desumano; Perda; Provão; Cumprimentos; Postura preocupante; Coluna vertebral

Acidente aéreo
"Será mesmo que esse avião Fokker 100 da TAM é moderno e seguro, como algumas pessoas estão afirmando?
Como cidadão, espero que desta vez os responsáveis sejam punidos!"
Maurício Luiz Gullo (São Paulo, SP)
*
"Quanto maior a catástrofe, melhor para a mídia, que transforma em produtos de consumo corpos carbonizados em embalagem de plástico para vendê-los no varejo da grande feira da hipocrisia.
Apresentadores das nossas TVs entregam-se à volúpia de apresentar com semblante grave e solene as mesmas imagens centenas de vezes, mal disfarçando a satisfação do furo e do êxito profissional.
Assim também foi o caderno macabro da edição de 1º/11 da Folha e assim será a próxima 'Veja'. Afinal, nesse ramo, o negócio é vender. Triste ideologia."
Antonio Melchor (São Paulo, SP)
*
"50 pessoas morrem em finais de semana na periferia de São Paulo. Outras tantas morrem diariamente no trânsito ou pelo descaso com a saúde.
Esses fatos não ocorrem simultaneamente à nossa frente. As tragédias dispersas deveriam ter o mesmo tratamento de página inteira, TV e rádio."
Marcelo Santana (São Paulo, SP)

Desumano
"Lamentável, deplorável, medonha, ridícula e desumana a declaração do secretário da Administração Penitenciária, João de Azevedo Marques, em 31/10 nesta Folha, sobre o espancamento de um pobre pedreiro -confundido com um preso fugitivo- por funcionários da Casa de Detenção.
Pergunta: e se fosse um parente próximo do ilustre secretário?"
Mauricio Machado (São Paulo, SP)

Perda
"Sobre a morte do escritor paulista João Antônio: a literatura brasileira ficou mais pobre e o jornalismo brasileiro não vai mais batucar as pretinhas da Olivetti com a passagem de João Antônio.
Fica aqui o registro de uma epígrafe recolhida por João Antônio, ouvida de um 171 no Méier: 'De-repentemente, urubu tá comendo gente'. Lá se foi João Antônio."
Hélio Moreira da Silva (São Paulo, SP)

Provão
"Em boa hora, embora tardiamente, o ministro Paulo Renato tomou, corajosamente, a decisão de enfrentar os poderosos grupos que mantêm as universidades como mera atividade comercial lucrativa, pouco se importando com a qualidade de ensino ministrado e, principalmente, com a responsabilidade de preparar adequadamente profissionais para exercer condignamente as profissões que adotaram.
O 'provão' vai servir de valioso documento legal assinado como denúncia, pelo aluno, da incompetência de seus 'professores' e da má-fé daqueles que administraram o 'negócio'.
Está por demais evidente que quem está por detrás desse movimento estudantil, contrário ao 'provão', são aqueles que irão sentar nos bancos dos réus, já que são os únicos responsáveis pelo despreparo de seus alunos, na maioria das vezes devido à incompetência própria, ligada à sua desqualificação como professores universitários ou administradores universitários."
Ricardo Veronesi, professor emérito da USP -Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)
*
"A maioria dos estudantes já percebeu que o 'provão' não leva a nada e quer uma avaliação ampla e honesta do complexo processo, não produto, que é o ensino superior.
Nesse sentido os formandos do curso de engenharia civil da Escola Politécnica da USP não vão, de fato, se omitir em relação à avaliação do ensino superior, irão entregar o exame em branco, em forma de protesto, e exigem o início imediato das discussões, envolvendo todas as partes interessadas, sobre a melhor forma de avaliação."
Márcio Eduardo Viegas Campos, diretor do Centro de Engenharia Civil e representante discente no Conselho do Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações (São Paulo, SP)

Cumprimentos
"Inúmeras congratulações à Folha pela grande idéia de trazer o insuperável Elio Gaspari junto aos colunistas deste jornal.
Meu sonho sempre foi esse: em um mesmo veículo de comunicação ter, juntos, os não menos insuperáveis Gilberto Dimenstein, Carlos Heitor Cony e Elio Gaspari. Imbatíveis.
Os leitores agradecem."
Maristela Faustino Gavioli (Divinolândia, SP)

Postura preocupante
"Preocupante para a democracia a posição da Folha no editorial 'Em falta com a educação' (27/10).
Ao contrário do que afirma o último parágrafo do editorial, a educação precisa de muitos fóruns de debate. O que para a Folha é um 'excessivo assembleísmo' é na verdade um longo e trabalhoso aprendizado de construção da cidadania.
Tomar decisões unilateralmente como faz Maluf é mais rápido, cômodo e... autoritário.
Afinal, com quem a Folha tem o rabo preso?"
Maria Tereza Secco (São Paulo, SP)

Coluna vertebral
"Gostaríamos de retificar um erro de cunho anátomo-médico no artigo 'Erros divinos', de Darcy Ribeiro (21/10).
O professor Darcy Ribeiro diz que 'a coluna vertebral, toda óssea, com um oco que vai da nuca ao cóccix, está vazia... Deus pôs o feixe de nervos, que é a medula, dentro de um tubo plástico por fora da coluna'.
Muitos podem ter sido os erros divinos, mas esse com certeza não foi um deles. A coluna vertebral (óssea), formada por um conjunto de 33 vértebras, delimita um canal central que serve de abrigo para a medula."
Marcus Vinícius de N. Corpa e Tarso Adoni (Botucatu, SP)
*
"Sobre o artigo de Darcy Ribeiro de 21/10: a coluna vertebral, eixo ósseo dos vertebrados, não está vazia como afirma o senador. O canal vertebral, delimitado pela sequência de vértebras articuladas, aloja e protege 'divinamente' a medula espinhal.
A medula espinhal, parte do sistema nervoso central, não é um feixe de nervos, como afirma o senador.
Também não existe um tubo plástico (?) por fora da coluna. Os nervos espinhais fazem parte do sistema nervoso periférico e têm distribuição pelo corpo."
Eduardo Cotecchia Ribeiro, professor-adjunto de anatomia descritiva e topográfica da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (São Paulo, SP)

Texto Anterior: Maus perdedores
Próximo Texto: ERRAMOS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.