São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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O conceito do futuro

EDUARDO VIOTTI

Estar adiante no tempo, não ser ultrapassado na corrida tecnológica, essa é a preocupação de todos os fabricantes de automóveis. Se um deles parar de avançar na descoberta de novas soluções, técnicas ou estilos, mesmo por pouco tempo, já terá perdido o seu espaço.
Por isso, recorrem aos delírios dos criativos designers do departamento de estilo. Delírios chamados "concept-cars", ou carros-conceito, veículos que, na maioria das vezes, jamais serão produzidos em série ou comercializados.
Custam milhões de dólares e servem como laboratório ambulante para que, anos mais tarde, quando estiverem barateadas, possam ter suas soluções aplicadas a carros convencionais.
O 19.o Salão Internacional de Automóvel, que se encerra hoje no Pavilhão de Exposições do Anhembi, traz algumas dessas máquinas futuristas.
O mais interessante é o Volkswagen Noah, um veículo familiar tipo van, desenvolvido na Alemanha. Feito de alumínio, tem portas laterais, acionadas por controle remoto, que abrem verticalmente e se encaixam dentro do teto e do piso, possibilitando acesso amplo.
Ele tem uma tela de computador no lugar do painel, com sistema de navegação por satélite, telefone, fax e e-mail. Conta com "airbags" tradicionais (bolsas que se inflam à frente dos ocupantes em caso de acidente) e outros laterais, adaptados dentro do apoio de braços.
A Ford traz três carros mais ou menos conceituais. O mais instigante é o GT-90, um superesportivo do futuro, com motor de doze cilindros em V com quatro turbos, capaz de gerar potência de 720 cv, quase a de um Fórmula 1.
A carroceria, com portas tipo "asa de gaivota" (que se abrem para cima), é em fibras de vidro e carbono. Todo o design do GT-90 é uma homenagem aos FT-40, esportivo de 1964 que trouxe inúmeros títulos nas pistas.
Ainda na Ford, a van Sho-Star posa de carro conceitual mesmo sendo derivada da Windstar, perua de série que chegou a ser vendida no Brasil. É uma van familiar/esportiva, com motor V6 "envenenado" e modernas soluções estéticas. Os faróis da Sho-Star utilizam fibras ópticas e lâmpadas não-convencionais.
O outro "carro-show" apresentado pela Ford é, na verdade, o Ford Ka, que será fabricado no Brasil, apenas com rodas de corrida e decoração excessiva.
A GM, neste ano, não trouxe nenhum carro-conceito mesmo. Apresenta no salão uma versão preparada da sua picape média S-10, com motor V6 (da Blazer), pneus, rodas e acabamento especiais, chamada Syclone.
Conceitual de verdade é o Neo Mattina, um protótipo de jipe do futuro que a coreana Asia Motors desenvolveu em conjunto com a inglesa Lotus.
Lembrando um veículo da série "Guerra nas Estrelas", o Neo Mattina leva oito pessoas, tem tração nas quatro rodas, motor a diesel e design arrojado.
Na Toyota, a maior atração é um protótipo: o MRJ, estudo para a futura produção de um "roadster", pequeno carro conversível celebrizado nos anos 60 pela Porsche. O MRJ tem motor 1.8 central, com cinco válvulas por cilindro, 190 cv de potência, tração nas quatro rodas e quatro rodas esterçantes para obter o máximo de estabilidade em curvas.
Uma rara aparição nesse Salão do Automóvel: a moto-conceito Honda Zodia. Trata-se de um estudo de estilo que sugere formas fluidas com soluções saudosistas ao estilo "Easy Rider". A Honda Zodia tem motor de dois cilindros em V, cujos detalhes técnicos são mantidos em sigilo. Suas principais novidades são aliar a técnica atual e um estilo, entre "Blade Runner" e "Mad Max", a propostas que lembram as das primeiras motos do início do século.

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