São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Coisa de gente grande

POR MELCHIADES FILHO

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Seu procurador, Leonard Armato, comparou-o à união de Bambi com o Exterminador do Futuro.
Essa dualidade garantiu o sucesso instantâneo de Shaquille O'Neal -a mistura de músculos e sorrisos conquistou/comoveu a legião de jovens fãs de um campeonato que então dava sinais de desgaste.
Mas, se salvou a NBA, essa imagem parece hoje emperrar a a carreira do superpivô, acusado de infantilismo e irresponsabilidade.
Alguns aposentos:
- um estúdio de gravação, onde o gigante brinca de produtor de rap;
- um salão de jogos, com 16 máquinas de fliperama;
- um cinema para 50 pessoas;
- duas galerias com pôsteres de celebridades, principalmente da supermodelo Cindy Crawford, e réplicas de 2 metros dos monstros dos filmes "Alien" e "Predador";
- na sala de estar, uma foto de um metro do astro do cinema-porrada Arnold Schwarzenegger divide as paredes com o eletrocardiograma de um teste físico do atleta, discos de ouro e o uniforme do primeiro filme da série "Superman";
- na sala de jantar, no teto, um gorila e um tigre empalhados.
Fora de casa, as estripulias não param. De dia, minigolfe. À noite, sujar a parede da casa de amigos com pistolas de tinta. De madrugada, pizza de queijo com canja.
Shaq, 24, hoje pai de família, diz não ligar para as críticas. Mas sua decisão de trocar de time pode ser interpretada como um gesto de amadurecimento profissional.
Equipe-sensação dos anos 80, os Lakers têm o know-how de vitórias que os dirigentes do Magic talvez nunca possuam. As perspectivas de título são maiores na Califórnia.
Até a troca de cidade parece simbolizar esse momento pessoal.
Sai Orlando, o mundo mágico de Disney, e entra Los Angeles, onde brincar é coisa de gente grande.

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