São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
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Cristina Hoyos traz flamenco a São Paulo

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A bailarina espanhola Cristina Hoyos, considerada a "primeira-dama" do flamenco, volta a São Paulo com seu grupo para apresentar o espetáculo "Arsa y Toma" no Memorial da América Latina, dias 23 e 24 de novembro.
O Ballet Cristina Hoyos também realizará curta temporada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, dias 26 e 27 de novembro.
"Arsa y Toma" é a mais nova criação de Hoyos, que dançou durante quase 20 anos na companhia de Antonio Gades.
O espetáculo, que estreou no mês passado no Teatro da Ópera de Avignon (França), chega ao Brasil antes de ser apresentado na Espanha.
Expressão flamenca usada pelos artistas durante suas atuações, "Arsa y Toma" tem o mesmo significado que "olé".
Além de Hoyos, será dançado pelo grupo que ela fundou em 1988. Acompanhado por três guitarristas e dois cantores, o elenco reúne dez bailarinos jovens, cuja energia costuma arrebatar platéias.
Os figurinos de "Arsa y Toma" são do estilista Christian Lacroix. "Convidei Lacroix porque é um artista maravilhoso, que também gosta muito do flamenco, de touradas, da Espanha", disse Hoyos em entrevista à Folha.
Diferentemente de Gades, Hoyos prefere criar coreografias sem argumentos.
"Gosto de mostrar como se dança o flamenco em si, sem pensar em demonstrar um personagem. Esse tipo de espetáculo vai mais de encontro às minhas características, e acho que também o público gosta de apreciar o flamenco sem ver uma história."
Evolução
Em "Arsa y Toma" Hoyos mostra a evolução da dança flamenca a partir dos anos 60, quando essa expressão nascida na região de Andaluzia era meramente uma atração para turistas.
"Nos primeiros 25 minutos do espetáculo recordamos, com alguma comicidade, aquela época de frivolidade, em que as mulheres punham um vestido, uma flor nos cabelos, um sapato apropriado e, quase sem saber dançar, exibiam-se como bailarinas de flamenco", afirma Hoyos.
Em seguida, "Arsa y Toma" passa a mostrar a seriedade, a dignidade e a modernidade que o flamenco ganhou graças ao trabalho de artistas como Gades e a própria Hoyos.
"Daí em diante apresentamos o flamenco em toda sua grandeza, muito mais profundo e sem tanto colorido."
Segundo Hoyos, as roupas também mudaram à medida que o flamenco foi evoluindo.
"Na origem, o vestuário flamenco seguia uma forma andaluza de vestir. Antes os vestidos eram mais chamativos, muito amplos e vaporosos. Hoje se busca o vestido mais sóbrio, porque mais importante que tudo é o próprio baile", afirma Hoyos.
Nos figurinos que desenhou, Lacroix retrata tais transformações. "Ele recorda os anos 60, quando as roupas e adereços eram mais valorizadas do que a arte em si. Ao mesmo tempo, Lacroix capta a sobriedade que o flamenco foi ganhando, como arte verdadeira."

Espetáculo: Arsa y Toma
Com: Ballet Cristina Hoyos
Onde: Memorial da América Latina (r. Mário de Andrade, 664, Barra Funda, região oeste, tel. 011/823-9721)
Quando: 23 de novembro, às 21h, e 24 de novembro, às 20h
Quanto: R$ 80 (setor 1) e R$ 60 (setor 2); à venda a partir do dia 11 na bilheteria do teatro ou pelos telefones 011/3068-0164 e 3064-4952

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