São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bailarina vai coreografar ópera

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nascida em Sevilha, Cristina Hoyos começou a dançar aos 12 anos. "Para mim, que não sou mulher de teorias, explicar o que significa o flamenco é como decifrar um enigma", ela diz.
"Desde pequena, na clandestinidade de um quarto, tendo como cúmplices um espelho e um rádio ligado, eu me punha a dançar, sem imaginar que estava predestinada a viver para o flamenco. Na verdade, acho que foi o flamenco que me escolheu."
Depois de brilhar no grupo de Antonio Gades e em filmes de Carlos Saura, como "Bodas de Sangue", "Carmen" e "El Amor Brujo", Hoyos hoje é apontada como uma das grandes bailarinas deste século.
Seu grupo, o Ballet Cristina Hoyos, foi a primeira companhia de dança flamenca a se apresentar no Teatro da Ópera de Paris, em 1990, com estrondoso sucesso.
Culto
Cultuada na Europa, especialmente na França, Hoyos se prepara para coreografar a ópera "A Vida Breve", de Manuel de Falla, que deve estrear em maio de 1997 no Teatro da Ópera de Nice.
"Atividades como esta ópera são ocasionais, pois procuro me dedicar quase integralmente ao meu grupo", diz.
Graças a artistas como Hoyos, o flamenco passou do folclore à condição de arte verdadeira. "Hoje o flamenco vive um momento maravilhoso. Sua evolução e sua riqueza estão abrindo muitas portas e caminhos, despertando cada vez mais interesse tanto na Espanha quanto no resto do mundo."
Para Hoyos, já existe uma nova geração capaz de garantir o padrão artístico conquistado pelo flamenco. "Minha companhia é prova de que há uma quantidade de gente nova, estupenda, que ama o flamenco o suficiente para preservar sua dignidade."
Hoyos também considera positivas as fusões do flamenco com outros ritmos, como vêm fazendo dançarinos como Joaquin Cortez, uma estrela em ascensão que mistura a tradição andaluza a jazz, salsa e até rock.
"As fusões são boas ou não, dependem de quem as faz e como são feitas", comenta Hoyos. "Há que ter muito talento para realizá-las. Porém, é indiscutível que tudo o que tem qualidade permanecerá e qualquer manifestação sem substância será esquecida com o tempo, como uma moda passageira."
(AFP)

Texto Anterior: Cristina Hoyos traz flamenco a São Paulo
Próximo Texto: Milhazes ganha projeção em Lyon
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.