São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
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Milhazes ganha projeção em Lyon

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A coreógrafa e bailarina carioca Marcia Milhazes é quase desconhecida no Brasil. No entanto, na 7ª Bienal Internacional da Dança de Lyon (França), realizada em setembro passado tendo a dança brasileira como tema, Marcia foi unanimidade: sem exceção, todas as críticas sobre seu trabalho foram pródigas em elogios.
Para Guy Darmet, diretor da Bienal de Lyon, Marcia foi a melhor coreógrafa do evento. Segundo a revista francesa "Le Nouvel Observateur", seu trabalho se destaca "pelo poder emocional do gestual, pelos intérpretes excepcionais e pelo senso dramático que é signo de alta inspiração".
"Para mim foi a consagração", afirma Marcia, 34, que fundou seu pequeno elenco em 1994, quando começou a criar "Santa Cruz", espetáculo apresentado em Lyon e baseado no romance "Don Casmurro", de Machado de Assis.
Sem se prender à história literal do livro, "Santa Cruz" enfoca o relacionamento dos três personagens principais, que se valem de gestos e movimentos minuciosos para expressar seus sentimentos.
Rebuscada, complexa, por vezes barroca, a coreografia criada por Marcia revela uma autora densa e sofisticada, com potencial para se tornar uma grande criadora da dança brasileira.
Depois de se formar em dança clássica pela escola do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Marcia viveu durante cinco anos na Inglaterra, onde realizou pós-graduação no Laban Centre for Movement and Dance.
"Minhas coreografias exigem o virtuosismo da dança clássica. Mas, dentro de movimentos bem realizados procuro estruturas mais complexas. Tento desarticular cada gesto e movimento, como se cada mínimo detalhe pudesse ser transformado num poema", ela diz.
Como trilha sonora, "Santa Cruz" utiliza uma mistura de cânticos religiosos, os "Benditos", originados em várias regiões do interior do Brasil.
Para completar, há o cenário assinado pela artista plástica Beatriz Milhazes, irmã de Marcia, um dos expoentes da nova geração de pintores brasileiros.
(AFP)

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