São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Reação de Erundina agrava conflito no comando da campanha malufista

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ensaio de reação da candidata Luiza Erundina (PT) no segundo turno da eleição paulistana reacendeu a disputa entre o grupo de marketing de Celso Pitta e políticos do PPB.
A rivalidade é antiga, principalmente entre o publicitário Duda Mendonça e a ala ligada ao empresário Calim Eid, há décadas homem de confiança do prefeito Paulo Maluf.
O setor ligado a Eid avalia que o programa eleitoral de Pitta na TV perdeu o impacto, ao contrário do que ocorreu com o espaço de Luiza Erundina na mídia eletrônica.
A crítica é que teria havido uma acomodação de Duda Mendonça, que manteve praticamente o mesmo formato do programa.
No bastidor, questiona-se se um propalado interesse de Duda em aparecer como o "pai da vitória" provável de Pitta por meio de intensa exposição na mídia não teria levado ao desprezo sobre a possibilidade de o PT reverter o jogo.
Farpas
Não há desespero, já que as duas alas consideram que a vantagem de Pitta é definitiva. Mas é recíproca a troca de farpas. No fundo, isso remete à discussão sobre quem é de fato responsável pelo desempenho de Pitta na eleição.
Os publicitários Nelson Biondi e Duda defendiam o lançamento da candidatura a prefeito de Roberto Paulo Richter, atual secretário de Saúde e do Planejamento. Calim Eid bancou Pitta.
Duda evita a polêmica interna. "O direito de crítica é sagrado", afirma. Para ele, não havia necessidade de mudar o programa de um candidato que saiu do primeiro turno com uma dianteira confortável.
A tranquilidade no PPB só será quebrada definitivamente se uma nova pesquisa atestar queda da vantagem igual à que foi constatada no último estudo do Datafolha (a vantagem de Pitta sobre Erundina diminuiu em oito pontos percentuais).
Rua
Uma das providências tomadas pelo malufismo foi reforçar a campanha de rua, com a retomada da distribuição de bonés, camisetas, brindes etc.
Até agora, a campanha de Pitta no segundo turno estava mais comedida nos gastos, por duas razões. Houve, na primeira rodada, um exagero, admitido em conversas reservadas da cúpula.
Para rivalizar com a cara campanha tucana de José Serra (PSDB), o malufismo investiu pesado no pagamento de cabos eleitorais distribuídos em toda a cidade, com um volume alto de material dado a transeuntes. O excesso foi tanto que se temeu até uma intervenção do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo.
A segunda razão é que, sem Serra no páreo, a presença ostensiva de cabos eleitorais pagos e a consequente farta distribuição de brindes poderia dar ao PT o discurso do "milhão contra o tostão".
A presença dominante de Paulo Maluf evitou, até agora, a explosão pública do confronto. Se a liderança de Celso Pitta sobre sua adversária petista voltar a cair, no entanto, já há quem aposte no PPB que o acerto de contas vai ganhar voz.

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