São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Presos ameaçam depredar cadeia de Mogi

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de 300 detentos da Cadeia Pública de Mogi das Cruzes (50 km a leste de São Paulo) ameaçam fazer um quebra-quebra na tarde de hoje.
Eles estão protestando contra a superlotação do presídio, que tem capacidade para abrigar apenas 66 presos, mas que hoje está com 395 detentos.
Os presos exigem que pelo menos 50 pessoas sejam transferidas para outros locais.
A direção da cadeia de Mogi está tentando negociar desde o início da revolta, na manhã de segunda-feira, mas até ontem à noite não havia obtido sucesso.
Os detentos invadiram o pátio central da cadeia e estão fazendo greve de fome em protesto contra as más condições do local.
"Sugeri a transferência de alguns presos já e outros daqui a algum tempo, mas eles não aceitaram", disse o diretor da cadeia, Tadeu Oliveira, 45.
Revezamento noturno
Cerca de 40 presos vivem amontoados em cada uma das oito celas da cadeia. Fazendo um revezamento para dormir, já que não cabem todos deitados no chão das celas, muitos apelam até para redes, que são amarradas nas grades.
Cada preso dispõe de 1,2 m2 nas celas. Convenção da ONU (Organização das Nações Unidas) estabelece que cada detento tenha um espaço de, no mínimo, 5 m2.
"Além da transferência de pelo menos 50 homens, queremos melhoria no atendimento médico e odontológico. Isso aqui não é jeito de tratar gente", disse Marcos Antônio Pinheiro, 21, um dos líderes da revolta.
"Caso o juiz-corregedor Freddy (Freddy Lourenço Ruiz Costa, que participou anteontem das negociações) não volte amanhã (hoje) com uma solução, vamos quebrar tudo e botar fogo nas celas", afirmou Pinheiro.
O corregedor informou ontem à Folha que não há possibilidade de flexibilizar mais a proposta do governo.

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