São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Personagem obtém pecúlio do INSS

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Palhares, o canalha, personagem de Nelson Rodrigues que não respeitava nem as cunhadas, ressurgiu no Rio na pele do publicitário Hélio Kaltman, 57.
Para fazer andar o processo de concessão de um pecúlio de R$ 5.120,16, Kaltman criou um personagem -dr. Palhares, "assessor do gabinete"- que ligava às repartições do INSS, pedindo pressa na tramitação. "Tomara que o Brasil tenha 130 milhões de Palhares", disse o publicitário ontem.
Mesmo assim, o pecúlio foi pago um ano e cinco dias após ser requerido. O superintendente do INSS no Rio, Jackson Vasconcelos, afirmou que o prazo foi "totalmente anormal". "Mas não foi o Palhares que fez a coisa andar".
*
Folha - Como surgiu o Palhares?
Kaltman - Essa história teve três fases. Na primeira, fui um cidadão normal. Na segunda, fiquei disparando faxes. O único que me respondeu foi Jackson Vasconcelos. Ele mandou uma funcionária me dizer que eu deveria aguardar uma carta comunicando a concessão -que não recebi até hoje.
Folha - O que aconteceu então?
Kaltman -Eu ligava e diziam que meu benefício não fora concedido. Um dia, em agosto, enchi o saco e nasceu o Palhares.
Folha - Mas por que Palhares?
Kaltman - Porque acho que é nome de assessor e porque, talvez no inconsciente, tinha algo de Nelson Rodrigues, que tinha um personagem do mesmo nome. Trabalhei com o Nelson na "Última Hora". Eu ligava, me identificava -"dr. Palhares, assessor do gabinete"- e nunca me perguntaram assessor de quê, de que gabinete.

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