São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996 |
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O esquema de Zagallo e o gato da metafísica
MATINAS SUZUKI JR.
Se não estou sendo traído novamente pela minha infiel memória, é um gato preto em um quarto escuro procurando algo que não estava lá dentro. Pois bem, o jogador que o velho Lobo do fut Zagallo está procurando para o seu esquema é um pouco como esta definição de metafísica. Zagallo quer um jogador de ligação entre o meio-campo e o ataque, o chamado número 1 do esquema 4-3-1-2. Tentou com o Juninho, tentou com o Rivaldo e agora, parece, testa o Djalminha. Se o Djalminha, craque como é, também não der certo, quem será a próxima vítima do esquema zagallino? Zagallo corre o risco, com a fixação nesse esquema de jogo (e olhe que ele é um avanço com relação ao 4-4-2 de Parreira), de estar perdendo o pé da atual conjuntura do futebol brasileiro. O que nós temos? Um raro e precioso elenco de jogadores com habilidade para criar e para finalizar. (Elencos comparáveis a este são só o do Barcelona e, em nível mais inferior, o de jogadores à disposição de Passarella para a seleção argentina). O que o bom senso recomenda fazer nesses casos? Que o técnico tente estabelecer um esquema de jogo capaz de aproveitar as vantagens de cada um desses craques, compondo um time forte, imensamente criativo, dificilmente neutralizado pelos sistemas adversários. É o que ocorre hoje com o time do Barcelona. Diante da inflação de bons jogadores, Bobby Robson, um inglês que jamais viu tanto craque junto em toda a sua vida, procura o melhor de cada um e tenta aproveitar todos: Figo (ótimo jogador), Stoichkov, Giovanni, De la Peña, Pizzi, Ronaldinho etc. Em entrevista a esta Folha, Giovanni explicou como o Barcelona, por exemplo, procura jogar com atacantes bem abertos, quase como os antigos pontas direita e esquerda. Zagallo tem uma cesta de preciosidades à sua disposição. Além dos já citados Juninho, Rivaldo, Djalminha, entram nesta constelação Ronaldinho, Giovanni, Edmundo, Marcelinho, Jardel, Palhinha, Luizão, Jardel etc. (Sem contar os mais velhos, Bebeto e Romário, que, em forma, estão no páreo). Zagallo-96 deveria voltar ao Zagallo-70 e lembrar que, quando se tem grande jogadores, os esquemas táticos é que devem se adaptar a eles. A safra de volantes é inferior à safra de meio-campistas e atacantes. Está, pois, na cabeça branca do Zagallo o desafio de criar um esquema que aceite a potencialidade dos meias e definidores brasileiros. Quanto ao resto, deixa que o Ronaldinho cuida. * O britânico fluminense Antonio Carlos Seidl acerta os desacertos desta coluna. Dizer que Bobby Robson jogou pelo Craven Cottage é o mesmo que dizer que ele jogou pelo Canindé -e não pela Portuguesa. A Inglaterra não perdeu na disputa de pênaltis para a Alemanha, em 90, nas quartas-de-final. Perdeu nas semifinais e ficou em quarto lugar. Texto Anterior: Reunião da Fifa determina que a Copa de 2002 terá 32 seleções Próximo Texto: Surfe com barriga Índice |
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