São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996 |
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Wynton Marsalis lança CD de música barroca
LUIS S. KRAUSZ
Nas composições barrocas européias -sobretudo alemãs e italianas- o trompete, como solista, é muito frequente, mas os grandes compositores do classicismo praticamente não escreveram para este instrumento. Só no início do século 20, principalmente por influência do jazz, os compositores eruditos voltaram a criar obras com este instrumento como solista. A partir de então, tornou-se tradição interpretar peças barrocas com o instrumento. Na atual onda de "crossover", que faz um maestro e pianista como Daniel Barenboim gravar um disco de tango ou leva Itzhak Perelman a se dedicar ao repertório de klezmer (música folclórica judaica da Europa), nada mais natural do que um trompetista de jazz gravar um disco com repertório barroco para seu instrumento. A interpretação de Marsalis e da orquestra caracteriza-se pela liberdade. Eles resgatam as obras escolhidas da rigidez de séculos de confinamento das salas de concerto. Seu barroco, assim, é extraordinariamente brilhante e extrovertido, com ousada ornamentação, recurso adotado liberalmente também por Anthony Newman nas partes da orquestra, às quais acrescentou, generosamente, trilos, "appoggiaturas", cadências improvisadas, ritmos marcados por percussão e outros enfeites. O resultado é agradável. É uma leitura ultra-rebuscada e expressiva, um tanto iconoclasta, porém não de todo irreverente para com os princípios estéticos do barroco. Certamente será apreciada tanto pelos amantes do jazz quanto pelos entusiastas do barroco. Disco: In Gabriel's Garden Com: Wynton Marsalis e English Chamber Orchestra Lançamento: Sony Music (R$ 20, em média) Texto Anterior: Sinfônica Municipal substitui músicos Próximo Texto: Cláudia Campos Silva redescobre a harpa de Tournier, Helayel e Debussy Índice |
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