São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Homem de 'Ran' é trágico

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"Daens: Um Grito de Justiça" (Eurochannel, 16h30) é um exemplo de filme social pensado corretamente, ou quase.
Em 1994, na Bélgica, o diretor Stun Coninx volta ao fim do século passado, para mostrar um momento de extrema exploração da classe operária (tecelães, no caso), e a resistência de um padre -Daens, precisamente- a esse estado de coisas.
Quem quiser ver o filme como oportunista, está no seu direito. Mas terá de notar, ao menos, sua atualidade. Coninx está menos preocupado com a situação passada, do que com a presente.
Seu filme volta-se estritamente à época retratada, mas é em outra situação que pensa o espectador: a situação indefesa em que foram colocadas certas camadas da sociedade, em função dos avanços tecnológicos atuais e das políticas neoliberais.
O mesmo humanismo que norteia "Daens" pode ser encontrado, embora em outros termos, em "Ran" (Bravo Brasil, 16h), de Akira Kurosawa.
Na adaptação de "Rei Lear", de Shakespeare, para o Japão feudal, Tatsuya Nakadai é o velho senhor que reparte seus domínios entre os três filhos. O desejo de perfeita igualdade entre os filhos tem resultados opostos: uma luta fratricida sem fim.
O amor paterno e sua indivisibilidade, a dor de ser humano, em síntese, é o aspecto enfatizado por Kurosawa nessa tragédia familiar.
(IA)

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