São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Música estrangeira poderá ser taxada no Brasil

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério da Cultura já tem propostas concretas para "proteger" a música brasileira.
Uma das mais efetivas é a criação de uma contribuição obrigatória de 30% incidindo sobre fonogramas estrangeiros. Isso vale para qualquer canção editada em outro país, mesmo as que integram discos prensados no Brasil.
Pela proposta, essa arrecadação, somada a 10% dos royalties gerados no país por qualquer música estrangeira, seria revertida para um fundo a ser criado, o Fundo Nacional da Música.
O projeto da "Lei da Música" está sendo elaborado por uma comissão instituída pelo ministério desde 12 de julho. A Folha teve acesso ao documento com o projeto que será votado em reunião amanhã (leia quadro ao lado).
"O texto prevê a taxação da produção de fonogramas estrangeiros com a contribuição para a música nacional", disse a coordenadora de música da Funarte, Valéria Ribeiro Peixoto, 44.
Peixoto assumiu interinamente a coordenação da comissão durante licença do maestro Egino Krieger, nomeado pelo ministro da Cultura, Francisco Weffort.
Anteontem, o ministro afirmou estar buscando formas de diminuir as "desigualdades" de oportunidades entre a produção brasileira e estrangeira e valorizar a produção de raiz.
Segundo a Associação Brasileira dos Produtores do Disco (ABPD), 72% das vendas no país são de discos de música brasileira.
A comissão, no entanto, quer criar mecanismos para beneficiar áreas menos favorecidas pela indústria fonográfica, como a música erudita, instrumental e regional brasileiras.
O maestro Julio Medaglia, 58, membro da comissão, diz que as gravadoras "baixam o nível" buscando resultados comerciais.
O musicólogo e membro da comissão Hélio Sena, 61, ressalta que propostas de incentivo fiscal farão parte do projeto, como a dedução de 40% do imposto de renda às rádios que reservarem uma porcentagem da programação à música nacional.
Participam da comissão nomes conhecidos como o historiador da MPB, Sérgio Cabral e o arranjador Paulo Moura, além de musicólogos e advogados. A proposta precisa de aprovação do Congresso para entrar em vigor.

Texto Anterior: Artistas fazem parte de comissão
Próximo Texto: França e Portugal têm lei protecionista
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.