São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Mulheres dão triunfo a Clinton

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Já se previa que a vitória de Bill Clinton poderia estar nas mãos das mulheres. Mas não se antecipavam números tão dramáticos.
Bob Dole empatou com Clinton entre os eleitores homens e ganhou entre os homens brancos. Se não fosse a notável vantagem de Clinton entre as mulheres (54% a 37%) e especialmente entre as mulheres negras (92% a 6%), o resultado da eleição teria sido outro.
Esses dados dão uma idéia da importância que o tema do aborto tem na política norte-americana atual. A única real diferença entre Clinton e Dole em assuntos do interesse específico do eleitorado feminino era em relação ao aborto.
O resultado também demonstra que a mulher terá cada vez mais importância na vida política. Esta foi a quinta eleição em que mais mulheres do que homens votaram (52% a 48%). O número de mulheres no Senado passou de 5 para 7 (em 100). Na Câmara, pode chegar a 54 (em 435). Agora, há duas governadoras de Estados (em 50).
A vitória de Clinton foi mais homogênea nos grupos etários. Dole não foi melhor em nenhuma das faixas de idade. Mas Clinton foi melhor com os eleitores entre 18 e 29 anos (53% a 34%) do que com os acima de 60 anos (49% a 43%).
Os votos de Dole aumentaram em relação direta com a renda dos eleitores. Entre os que ganham mais de US$ 75 mil por ano, o candidato da oposição venceu (50% a 41%). Clinton teve sua maior vantagem entre os que ganham menos de US$ 30 mil anuais (56% a 33%).
Clinton venceu em todas as grandes regiões geográficas do país, menos a sul, onde empatou com Dole (46%). Onde ele se saiu melhor foi no leste (55% a 34%).
A economia foi o principal fator que levou as pessoas a votar em Clinton. É inegável que o país melhorou em seu governo, e, embora seja duvidoso que isso tenha ocorrido por causa de qualquer ação ou inação do presidente, o eleitor tende a associar o sucesso ou fracasso da economia com a Casa Branca.
A questão do caráter, para o azar de Dole, foi considerada irrelevante pela maioria dos eleitores. Eles não confiam e não acreditam em Clinton, mas, já que ele parece ter sido eficiente no primeiro mandato, resolveram reelegê-lo. A primeira-dama é vista com ainda maiores suspeitas, mas isso não influiu na decisão dos eleitores.
Por outro lado, cerca de um terço dos eleitores dizem que a idade de Dole (73) pesou na decisão de não votar nele.
(CELS)

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